Guaidó: “Os únicos que falam de violência são Maduro e o seu regime”

O líder da Assembleia Nacional, que o proclamou como Presidente interino da Venezuela, afasta o cenário de uma guerra civil e mantém-se confiante de que conseguirá o apoio das Forças Armadas.

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Como as presidenciais de 2018 não foram reconhecidas internacionalmente, Guaidó diz haver "um vazio presidencial", que lhe cabe ocupar Andres Martinez Caseres/REUTERS

Juan Guaidó, o líder da Assembleia Nacional que o proclamou como Presidente interino da Venezuela, garante que não há risco de que a crise política no país resvale numa guerra civil, porque “90% da população quer uma mudança”.

Em entrevista ao El País, Guaidó afirma que “os únicos que falam de violência e que estão a exercê-la, através das FAES (forças especiais da polícia), e dos paramilitares, são Nicolás Maduro e o seu regime”.

“Na Venezuela não há risco de uma guerra civil, como alguns querem fazer parecer. Porquê? Porque 90% da população quer uma mudança”, declarou Guaidó. “Há risco de violência? Hoje, há. Assassinaram dezenas de jovens numa semana. Mais de 140 em 2017. Caracas é a cidade mais violenta do mundo”, acrescentou. No entanto, aqueles que “alimentam uma tese” de guerra civil “alimentam precisamente a violência”, sublinhou.

O presidente do Parlamento venezuelano repete que “Maduro insiste em usurpar as funções, sequestrar o poder e deixar numas condições muito precárias todos os venezuelanos que hoje precisam de comer, precisam de alimentos, de medicamentos”.

Justifica a sua legitimidade constitucional enquanto Presidente interino pelo facto de as presidenciais de 2018 não terem sido internacionalmente reconhecidas como justas e livres. "A legitimidade emana do voto popular. Já [na prática] não houve eleições presidenciais em 2018, o mandato de Maduro terminou a 10 de Janeiro 2019. Por isso, estamos num vazio presidencial que deve ser ocupado pelo presidente da Assembleia Nacional, segundo o artigo 233 da nossa Constituição", explica.

“Constitucionalmente sou o Presidente interino da Venezuela e o meu mandato é muito claro, diz o artigo 233º (da Constituição): celebrar eleições livres o mais rápido possível”.

Consideradas decisivas para fazer pender a balança para um dos lados deste limbo político, a cúpula militar mantém-se ao lado de Maduro. Mas Guaidó mostra-se confiante de que esse apoio, mais tarde ou mais cedo, passará para o outro lado: “Tenho a certeza que em algum momento (…) a expressão do descontentamento das Forças Armadas será total e, então, deverá pôr-se ao lado da Constituição”.

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