Trump e vice chinês tentam evitar escalada na guerra comercial

Visita de vice-presidente chinês a Washington é momento decisivo nas negociações comerciais entre as suas potências económicas mundiais.

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LUSA/MICHAEL REYNOLDS

Donald Trump e o vice presidente da China, Liu He, tentam esta quinta-feira dar um passo importante para que se consiga evitar, no início de Março, a subida das taxas aduaneiras no comércio entre os dois países e consequente escalada de uma guerra comercial com impactos em todo o mundo.

O encontro, que se realiza em Washington, acontece no meio de uma negociação que, apesar das mostras públicas de vontade de chegada a um acordo entre ambas as partes, continua a revelar a existência de diferenças significativas de posições, agravadas pelo ambiente negativo criado pela acusação da justiça norte-americana à gigante tecnológica chinesa Huawei.

EUA e China encontram-se num período de tréguas, que dura até ao próximo dia 2 de Março, durante o qual as duas partes comprometeram-se a procurar um acordo que possa evitar a entrada em vigor de subidas das taxas aduaneiras praticadas pelos Estados Unidos sobre importações da China no valor de 200 mil milhões de dólares.

Até agora, dos vários encontros de equipas técnicas e das declarações públicas dos principais responsáveis políticos têm saído razões para optimismo e para pessimismo em relação a um acordo.

Do lado positivo destacam-se as medidas já passadas à prática pela China, numa tentativa de provar aos EUA que estão efectivamente decididos a alterar algumas das políticas pelas quais têm sido mais criticados.

Além de ter começado já a subir o volume de compras de alguns produtos norte-americanos, Pequim aprovou no parlamento, poucas horas antes da chegada a Washington de Liu He, legislação que reduz a interferência do Estado chinês nas operações de investimento estrangeiro, acabando por exemplo com a regra de transferência forçada de tecnologia.

Do lado norte-americano, as declarações do presidente Trump afirmando que as negociações estão a correr bem são o sinal mais claro de que há intenção de apresentar um acordo. O desejo de ambos os lados de retirar este factor de incerteza dos mercados é evidente, numa altura em que Wall Street tem apresentado desempenhos bastante abaixo do desejado por Trump e a economia chinesa cresce ao ritmo mais lento dos últimos dez anos.

No entanto, continua a ser evidente que há diversas áreas em que pode ser muito difícil chegar a um entendimento. Do lado norte-americano, uma das questões fundamentais é a de que a China não tenha a possibilidade de, depois de assinar um acordo, adiar a sua passagem à prática até que chegue uma nova administração à Casa Branca. Por isso, querem que a China aceite mecanismos de fiscalização e penalização no caso de incumprimento do acordo, algo que Pequim vê como uma redução inaceitável da sua soberania.

Há igualmente algumas questões, ao nível da protecção de propriedade intelectual e de política industrial, em que um entendimento parece ainda distante.

Mas o maior problema pode estar no facto de, precisamente no início desta semana, a dois dias do início de esta nova ronda negocial, ter sido concluída a acusação de espionagem de violação do embargo ao Irão à Huawei, a empresa símbolo da emergência da China como potência tecnológica mundial. Na Casa Branca têm insistido que esta questão está totalmente separada das negociações comerciais, mas em Pequim o descontentamento é grande.

O que parece evidente é que, deste encontro entre Donald Trump e Liu He o máximo que poderá sair será um sinal, positivo ou negativo, relativamente ao que se irá passar nas próximas semanas de negociação. A concretização de um acordo final apenas deverá ser possível quando Trump se reunir com o seu homólogo chinês Xi Jinping. Como afirmou esta semana o conselheiro económico da Casa Branca, Larry Kudlov, “o presidente acredita que ele e Xi Jinping irão ser provavelmente os negociadores finais”.

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