Ex-mulher de Vara sabia que filha tinha conta com pai na Suíça e não estranhou

Mãe de Bárbara Vara e outras três testemunhas foram ouvidas esta quarta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.

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Miguel Manso

A ex-mulher do antigo ministro socialista Armando Vara e mãe de Bárbara Vara, acusada de dois crimes de branqueamento de capitais na Operação Marquês, disse esta quarta-feira em tribunal que sabia que a filha tinha uma conta na Suíça com o pai, um facto que disse não estranhar.

O depoimento foi prestado esta quarta-feira no âmbito da instrução da Operação Marquês, que começou segunda-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.

Maria Isabel Figueira, que está há mais de 20 anos separada de Armando Vara, contou ao juiz Ivo Rosa que teve conhecimento da conta através da filha e que não estranhou já que ela própria também tem contas bancárias em nome das duas. A ex-mulher de Vara, cujo depoimento foi pedido pela defesa da filha, também não estranhou o facto dessa conta e depois uma outra terem chegado a reunir mais de dois milhões de euros. Lembrou que Vara tinha sido ministro e pertencido à administração de dois bancos.

Igualmente inquirido a pedido da defesa de Bárbara Vara foi o advogado João Carlos Silva, ex-presidente da administração da RTP e amigo de Armando Vara, que chegou a ser gerente de uma sociedade controlada pelo antigo ministro.

Esta empresa, a Citywide, uma sociedade unipessoal que tinha como objecto a realização de negócios imobiliários, era detida por outra firma, propriedade de uma outra companhia, num esquema que tentaria ocultar o real dono daquela empresa. Segundo a acusação, a Citywide foi usada por Vara para transferir para Portugal o dinheiro que estava na Suíça em nome de sociedades offshore que tinham a filha como beneficiária. 

Um dos negócios em causa está relacionado com a aquisição, por parte da filha de Vara, de um apartamento em Lisboa avaliado em mais de 600 mil euros, que esta comprou dando 231 mil euros e uma outra casa em troca. Acontece que esta última habitação acabou por ser comprada por uma empresa controlada pelo pai à sociedade com quem Bárbara fizera a permuta. Essa compra foi assinada por João Carlos Silva, enquanto gerente da Citywide.

O advogado garantiu ao tribunal, como já fizera perante o Ministério Público, que sempre tratou de tudo com Vara e não com a filha. Reafirmou que quando Vara o convidou para identificar oportunidades de negócios na área imobiliária lhe disse que o dinheiro da empresa era de Bárbara e de um sócio e que só mais tarde descobriu que tal não correspondia à realidade.

Esta quarta-feira foram ouvidas mais duas testemunhas arroladas por Bárbara Vara, que não tinham conhecimento directo dos factos imputados pelo Ministério público, tendo apenas garantido ao tribunal que a filha mais velha de Armando Vara mantinha uma boa relação com o pai e que fazia o que este lhe pedia sem o questionar.

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