Uma entrevista

Vale a pena ver a entrevista que Nick Clegg deu a Amol Rajan sobre o que vai fazer como director do Facebook. Quando Rajan lhe entrega imagens chocantes do Instagram Clegg angustia-se. Mas depois, em vez de defender a empresa que agora o emprega, promete que o Facebook e o Instagram vão ter de controlar os conteúdos. Em português escorreito: vão ter de censurar as coisas mais horrendas que as pessoas lá põem, como incitações ao suicídio.

Quem vir a entrevista sem saber que Clegg é director do Facebook fica com a impressão que ele está a criticar severamente a empresa. E está. 

Não sei qual foi o acordo de Clegg com Mark Zuckerberg mas, como comentou Rajan numa reflexão sobre a entrevista, uma das grandes vantagens de contratar um director que nunca lá trabalhou é a liberdade que ele traz para falar dos erros históricos do Facebook.

Noutra altura Rajan pergunta a Clegg se ele acha justo que o Facebook pague tão poucos impostos. Clegg concorda efusivamente e explica que é absurdo que o Facebook facture biliões nos Estados Unidos da América e depois pague os impostos noutros países menos cobradores.

Gosto de Clegg e acredito no que ele diz, apesar de ele já ter sido apanhado a retirar aquilo que prometeu (caso da eliminação das propinas universitárias). Será que o Facebook tenciona mesmo fiscalizar os conteúdos violentos? Será que quer mesmo pagar mais impostos? Será que decidiu tentar perder a má imagem que tem?

Clegg permite algum optimismo. Ou estará só a comprar tempo, como sempre?

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