Trabalhadoras de limpeza em greve em vários espaços da Câmara de Gondomar

Sindicato acusa empresa Byeva de se atrasar no pagamento de salários. Autarquia diz que paga a horas ao fornecedor deste serviço.

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Trabalhadoras prestam serviço em vários edifícios da Câmara de Gondomar Fernando Veludo/NFactos

O Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas (Stad) convocou para esta sexta-feira uma greve de 24 horas que poderá afectar a limpeza de vários serviços da Câmara de Gondomar. O Stad acusa a empresa responsável por esta tarefa de não pagar os salários no final do mês respectivo, situação que, aliás, tinha motivado já este mês uma paralisação de funcionárias da mesma empresa na Universidade de Coimbra.

O PÚBLICO tentou sem sucesso contactar a empresa Byeva​, através de um número de telemóvel partilhado na rede Linkedin. Após a identificação do jornalista, e da questão que motivava o telefonema, a chamada foi abruptamente interrompida. Na Câmara de Gondomar, o gabinete de imprensa assinalou que a questão nada tem que ver com o município, que “cumpre os compromissos” com a empresa em causa, a “tempo e horas”, argumentou o porta-voz do autarca Marco Martins.

A mesma fonte explicou que a greve, que inclui um apelo para uma concentração às portas do município, abrange um total de cerca de vinte pessoas, afectas ao serviço de limpeza de espaços como as piscinas, a biblioteca o auditório municipal e o Multiusos de Gondomar desde que a Byeva ganhou um concurso público, no ano passado. A autarquia está a acompanhar o problema, e os seus eventuais efeitos, mas não vai envolver-se num problema “laboral”, explicou Paulo Silva.

No comunicado colocado a circular em espaços da Câmara de Gondomar, as razões de queixa são expostas da seguinte forma: “Somos Mulheres, trabalhadoras dignas e temos direitos e exigimos à Byeva que os cumpra! Por outro lado, temos deveres a cumprir com o dinheiro que ganhamos (com o nosso trabalho) – mas não os cumprimos porque a Byeva não nos paga no último dia útil de cada mês!”.

AO PÚBLICO, o vice-coordenador do Stad, Rui Tomé, confirmou que esta empresa tem "problemas recorrentes" de atraso nos pagamentos às trabalhadoras em vários pontos do país. 

No dia 18, a Lusa noticiou uma greve de cerca de cerca de 30 funcionárias que fazem limpeza na Universidade de Coimbra (UC), com protestos à porta da instituição de ensino superior. Na altura, Armindo Carvalho, do Stad, denunciava que desde a celebração, em Agosto do ano passado, do contrato para a prestação e serviços de limpeza com a empresa Byeva, “não houve mês nenhum [em que esta] pagasse o salário atempadamente”,

"A lei diz que os trabalhadores têm de receber o salário até ao último dia útil de cada mês, mas isso nunca acontece. Este mês, a Byeva só pagou no dia 16 [quarta-feira] o salário de Dezembro. As trabalhadoras marcam dias de greve e eles vêm e pagam antes de a greve acontecer", acrescentou. A justificação dos atrasos dada pela empresa ao sindicalista prende-se com a falta de pagamento por parte das faculdades, mas a directora financeira da Universidade de Coimbra negou essa situação. “Tivemos uma reunião e disse-nos que estava tudo regularizado”, explica o sindicalista reforçando que a empresa "nunca pode invocar que o cliente pagou ou não pagou. Tem de ter o músculo necessário para cumprir com os trabalhadores e aparentemente a Byeva não tem".

Segundo a Lusa, a Byeva assinou, nos últimos três anos, 53 contratos de prestação de serviços de limpeza com entidades públicas, segundo informações prestadas na base de contratos públicos, totalizando cerca de cinco milhões de euros. Só a Universidade de Coimbra assinou, entre Abril e Setembro de 2018, sete contratos esta empresa, num valor que ultrapassa os 890 mil euros.

Segundo o Stad, a empresa sediada em Leiria teve outros casos de problemas com os pagamentos. "Em Águeda pôs muita gente na miséria, gente que quando o salário falha um dia ou dois já não pode comprar o passe social, atrasa-se na renda da casa, falha o pagamento ao banco. Estamos a falar de salários de 600 euros e há trabalhadoras que não têm o tempo inteiro [prestam serviço ocasional ou a meio tempo]. As pessoas não têm capacidade de aguentar a situação e acabam por ir para o desemprego", recordava Armindo Carvalho.

Para além disso, em Coimbra, também "nos pólos de Enfermagem houve o mesmo problema com a Byeva e a escola acabou por os afastar. E no Museu da Ciência e [departamento de] Ciências da Terra meteram outra empresa que só pagou ao dia 9 e há outra que paga ao dia 2, mas não paga segurança social há seis meses. As instituições públicas têm de ter mais atenção a isto, porque estas empresas não são de confiança", apelou o sindicalista. Com Lusa

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