Theresa May quer reabrir o acordo de divórcio com a UE

“Temos de ter um acordo que possa ter o apoio do Parlamento e isso exigirá algumas alterações ao acordo de saída”, disse um porta-voz do Governo, pouco antes do início de um debate sobre o “Brexit” no Parlamento.

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EPA/WILL OLIVER

A primeira-ministra britânica, Theresa May, quer reabrir o acordo de saída que assinou em Novembro com a União Europeia, afirmou esta terça-feira um porta-voz do Governo, pouco antes do início de um debate sobre o “Brexit” no Parlamento.

“O Reino Unido continua a acreditar que é do seu maior interesse sair com um acordo, mas temos de ter um acordo que possa ter o apoio do Parlamento e isso exigirá algumas alterações ao acordo de saída”, justificou a mesma fonte, em conferência de imprensa.

Líderes europeus têm repetido não estarem dispostos a reabrir o documento que demorou 17 meses a finalizar, mas deputados eurocépticos recusam-se a aprovar o texto por discordarem da solução de salvaguarda para a Irlanda do Norte. Este mecanismo, conhecido por backstop, destina-se a evitar uma fronteira física entre aquela província britânica e a vizinha Irlanda, de forma a respeitar os compromissos do acordo de paz de 1998.

A dois meses do “Brexit”, os deputados britânicos vão tentar esta terça-feira decidir sobre o rumo deste processo, depois de terem rejeitado há duas semanas, por uma margem de 230 votos, o acordo de divórcio negociado com Bruxelas. Um debate parlamentar vai culminar na votação de diferentes alternativas, que poderão desde propor o adiamento da data da saída, a 29 de Março, a uma proposta para remover e substituir o backstop.

A falta de consenso sobre o acordo aumentou o risco de uma saída sem acordo, o que, segundo várias empresas, poderá ter impacto na circulação de bens importados da UE, como medicamentos, produtos alimentares frescos ou peças e materiais usados pela indústria.

Após o chumbo do acordo, a primeira-ministra, Theresa May, reuniu-se com dirigentes de partidos da oposição para tentar sair do impasse. Porém, não aceitou as reivindicações para organizar um novo referendo ou pedir uma extensão do artigo 50.º do tratado europeu, cujo período de dois anos de negociação para o divórcio acaba dentro de 59 dias.

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, recusou falar com May enquanto a primeira-ministra não descartasse uma saída sem acordo e aceitasse discutir a negociação de uma união aduaneira com a UE.

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