Luso-descendente ferido no olho em protesto dos “coletes amarelos” em Paris

Jérôme Rodrigues afirma ter sido atingido com uma bala de borracha. Polícia insiste que o ferimento foi causado por uma granada de gás lacrimogéneo. O caso está a ser investigado.

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Foi o 11.º sábado de manifestações dos "Coletes amarelos" LUSA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

Um luso-descendente que integra o movimento dos "coletes amarelos" em França ficou ferido com gravidade neste sábado, depois de ter sido atingido no olho direito quando participava numa manifestação na praça da Bastilha, em Paris.

Jérôme Rodrigues, que tem vindo a ganhar destaque neste movimento francês, foi ferido no olho e operado num hospital de Paris, segundo informações divulgadas pela irmã na página de Facebook do luso-descendente. O luso-descendente, de 40 anos, afirma ter sido atingido por uma bala de borracha, de acordo com o jornal britânico Guardian.

A polícia insiste que os ferimentos de Jérôme Rodrigues foram causados por uma granada de gás lacrimogéneo, uma versão dos acontecimentos que o advogado deste "colete amarelo" nega "categoricamente". O Guardian relata que algumas testemunhas entregaram às autoridades o projéctil que atingiu o manifestante, que alegam ter retirado do local. 

A polícia francesa anunciou que a Inspecção-Geral da Polícia Nacional (IGPN, uma espécie de "polícia dos polícias"​) iniciou uma investigação sobre o caso de "um homem ferido na Praça da Bastilha", relata a CNN

O advogado do luso-descendente, Philippe de Veulle, afirmou à televisão BFMTV que o cliente “está incapacitado para o resto da vida. É uma tragédia para ele e para a sua família.”

Ao longo do dia de ontem, Jérôme Rodrigues tinha publicado vários vídeos e fotografias dos protestos nas redes sociais.

Este foi o 11.º sábado consecutivo de protestos do movimento dos "coletes amarelos", que realizaram um cortejo pelas ruas da capital francesa, até se concentrarem, uma vez mais, na Praça da Bastilha, onde se repetiram confrontos com a polícia.

Terá sido nestes confrontos, quando a polícia francesa lançou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, que o luso-descendente foi ferido com gravidade.

A França é um dos únicos países na União Europeia que continua a usar granadas de gás lacrimogéneo que contêm uma pequena quantidade de explosivos TNT para travar manifestações e desacatos da ordem pública.

Vários manifestantes dos "coletes amarelos" já foram atingidos gravemente por estas granadas, que levaram à amputação de membros e ferimentos noutras partes do corpo.

Um grupo de advogados que representa estes feridos já veio pedir publicamente para que a utilização destes engenhos seja interdita definitivamente.

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