Cervejaria Brasão: uma cantina moderna perfeita para o petisco

No Porto, a Brasão rompe com o estilo tradicional. E aos petiscos, bifes e francesinhas junta muitas cervejas artesanais. Depois dos Aliados, abriu perto do Coliseu, onde fomos pôr à prova as suas propostas.

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Nelson Garrido
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Por efeito da procura, conseguir uma mesa na Cervejaria Brasão tinha-se tornado numa espécie de feito e nem a arrumação da clientela por turnos fez com que fosse muito mais fácil chegar ao tal lugarzinho. Daí a natural opção pelo alargamento a um novo espaço. Abriu já há cerca de dois anos (em Abril próximo) mas, pelos vistos, nem assim é sempre possível acomodar rapidamente toda a procura.

Aos 70 lugares do espaço original, nas imediações da Avenida dos Aliados e da Câmara do Porto, a Brasão Coliseu veio acrescentar outros 250, em escrupulosa obediência ao princípio de que em equipa que ganha o melhor é não mexer. E como a fórmula de sucesso estava mais que testada, ambos os espaços funcionam numa lógica de espelho, inclusive com a clientela a ser orientada segundo as disponibilidades de espaço.

Sucesso, como se vê, é coisa que parece não ter segredos para os proprietários. O clã Cambas, filho e pai (Sérgio e Manuel) que igualmente gerem o Paparico, um restaurante de segmento e preços altos igualmente assediado pela procura, tal com a contígua Taverna Iuku, que terá inspirado as cervejarias da Baixa.

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Foi, por isso, em noite de início de semana que procurámos mesa na cervejaria das imediações do Coliseu do Porto. Aglomeração à entrada e pequena fila até à recepcionista, que anotou o pedido de mesa e informou da previsível espera de 15/20 minutos, que foi criteriosamente cumprida.

O espaço é amplo e subdividido em três salões distintos, um deles no piso de cave. Decoração moderna e elegante a recriar uma atmosfera rústica de inspiração retro, com destaque para as madeiras nuas, as paredes de granito e o recurso ao ferro forjado. Mesas suficientemente espaçadas e tectos muito altos, a criar um ambiente e dinâmica acolhedores e a fazer com que pouco se note o natural ruído da multidão instalada. 

Percebe-se que a lista de petiscos, os bifes e pregos e as francesinhas são aquilo que anima a procura. Ao plus das cervejas artesanais, junta-se ainda uma reduzida proposta de cozinha, com bacalhau e alguns cortes de carnes. Ou seja, para fugir ao tradicional ambiente de snack-bar, a aposta na variedade de cervejas, bifes e francesinhas e o ambiente de restauração contemporânea e serviço a condizer. Uma cantina moderna e de grande sucesso!

A par das sopas (de legumes e caldo verde), as propostas estendem-se à alargada lista de petiscos – incluindo vegetarianos –, duas preparações de bacalhau e as carnes, declinadas em bifes, pregos, pica-pau, costelinha e naco de vazia. E, claro, as francesinhas no forno.

Cestinho com pão (de água e com cereais) em fatias, azeitonas britadas, alcaparras e uma apaladada manteiga de presunto (1,80 euros). Sabores afinados também nos croquetes de bacalhau (4,50 euros) em três unidades e com o complemento de uma saladinha de feijão-frade, muito bem afinada de cebola e vinagre. Aqui, a qualidade do produto conta e marca pontos.

Crocantes, de tamanho generoso e sabores definidos, os croquetes de camarão (1,90 euros), com o marisco em pedacinhos saborosos a destacar-se agradavelmente. Uns furos abaixo as repolgas salteadas com espargos verdes em pingue de presunto (6,50 euros), que se apresentam compostas com ovo estrelado em interessante e apelativa configuração. Cogumelos e espargos em tiras no ponto correcto e estimulante de execução culinária mas que acabam demasiado envolvidos pelo excesso de gordura que tudo contamina.

Muito requisitados são também os rissóis de carne, incluindo um com cogumelos e trufa, bem como a cebola frita que acompanha com maionese de alho negro, que bem se recomendam. A variedade de petiscos alarga-se ao polvo com molho verde, moelas estufadas e as habituais tábuas de enchidos e queijos.

A oferta de “Peixe” esgota-se em duas variantes de bacalhau, uma com migas e toucinho e outra com cebolada, 16,50 euros, que se poderia pensar ser a da tradicional posta frita à moda de Braga, mas que antes vai ao forno em azeite. A cebolada, essa, é feita à parte e acrescentada quase caramelizada numa espécie de refogado em que perde sabor e textura, tal como o pimento. Também o bacalhau, em naco de lombo de sabor marcado por noz-moscada, denota a ausência de cura e correlativas gelatinas, que são a essência. O produto conta, mas desta vez retira pontos!

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E a questão da qualidade do produto parece colocar-se também em relação ao naco de vazia laminado (36 euros, duas pessoas). Corte mais que generoso, de 800g, carne rosada e húmida a despertar apetites que acabam traídos pela debilidade de sabor e textura. A alternativa está nos bifes - cervejeiro, à portuguesa, tártaro, de cebolada ou com cogumelos – e pregos, ou então as francesinhas no forno que, tal como os petiscos, estão no top das preferências.

Quanto às cervejas, a par da diversidade, outra das vantagens está nas sugestões de consumo, que se mostraram plenamente adequadas. Uma IPA exclusivamente concebida pela Sovina, com equilíbrio, acidez e crocância que acompanhou a vertente petisqueira, e a frutada Mai Bock, que aguentou na perfeição o confronto com as carnes.

Para quem quiser explorar as potencialidades dos maltes, a par da oferta da gama Sovina, a carta propõe ainda uma variedade de cervejas, belgas, alemãs, irlandesas ou holandesas. É claro que também há vinhos, com propostas interessantes e fora do óbvio das várias regiões nacionais.  

Em contexto moderno e apelativo e ambiente acolhedor, a cervejaria Brasão recomenda-se sobretudo pela onda petisqueira e o ambiente de cantina moderna que lhe justifica o sucesso e procura.

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