No clássico que é uma final, haverá sempre os penáltis

FC Porto já está avisado da “bipolaridade” do Sporting, que poderá voltar a apostar num bloco mais baixo. Polémica em torno do VAR justificou reforço do sistema.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Duas semanas depois do clássico de Alvalade, Sporting e FC Porto voltam a defrontar-se esta noite (19h45), desta feita em Braga, para assumirem um papel distinto, na qualidade de finalistas e candidatos à conquista de um troféu que escapa aos “dragões” desde a génese da Taça da Liga (que conta já 12 edições) e que os sportinguistas ergueram pela primeira vez na época passada. Depois da polémica registada nas meias-finais, este embate encerra a novidade de contar com dois videoárbitros principais na Cidade do Futebol e ainda o VAR assistente, replicando o modelo utilizado pela FIFA.

Face à urgência de antecipar o que poderá oferecer de novo esta final em matéria de estratégia e, consequentemente, de espectáculo — depois de Marcel Keizer ter surpreendido Sérgio Conceição com um bloco inesperadamente baixo para quem apresentara um perfil de grande voracidade, aliado à necessidade de recuperar os oito pontos que ainda separam os dois rivais na Liga —, o treinador do FC Porto ajudou a estabelecer algumas diferenças entre o duelo de Alvalade e o da “Pedreira”.

Com o técnico holandês ausente do país, por motivos pessoais, a bola das conferências rolou com mais ênfase do lado portista, com Sérgio Conceição a apresentar um pedido de desculpas por um atraso que, mais à frente, explicaria.

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Depois de por diversas vezes ter voltado ao clássico de Alvalade para vincar a súbita mudança de vocação dos “leões”, mais contidos, Conceição teve nova oportunidade para recuperar o tema, embora tenha optado por associar uma entrada mais tímida do adversário ao facto de as equipas estarem perante um jogo diferente: uma final, em que mais importante do que engrandecer o espectáculo, o que realmente interessa é erguer a taça.

E as principais diferenças detectadas começam exactamente por esse carácter decisivo e definitivo das finais, apesar de a reprodução do nulo verificado na 17.ª ronda ser uma das possibilidades em aberto. Mesmo que isso leve as equipas ao baú de memórias da meia-final de há um ano, que o Sporting venceu no desempate por grandes penalidades. “O motivo do meu atraso [na chegada à conferência de imprensa] teve que ver precisamente com os penáltis… Que estivemos a bater”, explicou Conceição, deixando entender que desta feita não será colhido de surpresa caso tenha de ser obrigado a encontrar a fenda (que em Alvalade não descortinou) na muralha adversária.

“Precisamos de ter mais paciência para gerir a posse de bola e encontrar os espaços necessários no jogo interior”, avançou o técnico portista, que não conseguiu contornar a polémica instalada em torno da final four da competição e do próprio fenómeno do futebol em Portugal, que teme estar “contaminado” por “insultos” que atingem “níveis quase insuportáveis”.

Por isso, Conceição arrepia caminho para retomar a vertente benigna da modalidade, mostrando-se confiante nos regressos de Danilo, Maxi Pereira e Otávio, elementos que considera importantes. De resto, um tema que interessa ao Sporting, cujo discurso foi assumido pelo adjunto de Keizer, Rodolfo Correia, que há 20 anos teve passagem efémera pelas Antas.

O antigo médio assumiu a “desvantagem” do Sporting nesta final, destacando o aspecto físico, quer pelo desgaste acumulado no cumprimento de um calendário que confia ser uma das preocupações dos responsáveis da Liga, quer pela impetuosidade do ataque e da defesa portistas.

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Quanto ao mais, Rodolfo não acredita em mudanças extraordinárias de qualquer dos lados relativamente ao que foi apresentado no confronto de Alvalade. “Nesta altura, as dinâmicas estão adquiridas. Pode é haver ajustes estratégicos. Mas não acredito que o FC Porto e o Sporting mudem” de forma drástica, defendeu, para de seguida assumir uma posição de força contrária à ideia de que o Sporting se limitou a defender frente aos “dragões”.

“O Sporting vai continuar a ser mandão, mas por vezes poderá ter de se adaptar”, assumiu, esclarecendo o que são os fundamentos do jogo leonino e “que passam sempre por querer ganhar”, pelo que a versão mais defensiva apresentada no clássico não foi mais do que “um Sporting que se adaptou ao jogo, compreendendo perfeitamente o que se estava a passar”. “Privilegiámos um pouco mais a defesa, para depois contra-atacar.”

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