Distritais já falam de “maior articulação” de Rio com o partido

Uma semana depois do conselho nacional extraordinário, distritais dão sinais de aproximação ao líder. Pedro Pinto garante o apoio do PSD de Lisboa e diz que Rui Rio vai ser primeiro-ministro.

Foto
Pedro Pinto e Maurício Marques, à entrada para o conselho nacional de dia 17 Nelson Garrido

As distritais do PSD que pretendiam que Rui Rio devolvesse a palavra aos militantes e se sujeitasse a eleições directas mostram-se agora disponíveis para colaborar com a direcção do partido, mas advertem que compete à comissão política nacional promover a unidade dos sociais-democratas. 

Bruno Vitorino, líder da distrital e Setúbal, disse ao PÚBLICO que, nos últimos dias, a direcção deu alguns sinais de mudança de atitude, que evidenciam “mais acção e uma maior articulação em termos políticos com as estruturas do PSD" -  "E isso é positivo”, vinca. O também deputado do PSD dá conta de uma “maior dinâmica do partido”, destacando o papel do secretário-geral, José Silvano.

“Há uma tentativa de envolver as estruturas do partido, informando-as das iniciativas que estão a ser programadas, e isso antes não acontecia”, congratula-se o deputado, observando que a articulação entre o partido e a direcção não existia. 

Bruno Vitorino desafiou em pleno conselho nacional extraordinário da semana passada Rui Rio a dizer se queria que convocasse eleições para a distrital de Setúbal, depois de o presidente do PSD ter chamado “conspiradores” e “forças de bloqueio” àqueles que entendiam que a clarificação devia ser feita através de eleições directas. Mas Rio não respondeu ao repto de Vitorino.

“Eu nunca fui conspirador de nada. Eu nunca fui e serei força de bloqueio e não será por mim que o partido não terá bons resultados”, garante o conselheiro nacional, assumindo a "irritação"que sentiu na altura devido à "suspeição generalizada" que ficou no ar. "Tenho o hábito de levar os mandatos até ao fim, e não vejo razão para interromper este ciclo, mas, se o presidente do partido quiser, a minha proposta para convocar eleições para a distrital está de pé", reitera o líder da distrital de Setúbal.

Uma semana depois de o conselho nacional ter relegitimado Rui Rio na liderança, ao aprovar a moção de confiança que este apresentou em resposta ao desafio de Luís Montenegro para convocar eleições directas, o PÚBLICO fez uma ronda pelas distritais que apoiaram o antigo líder parlamentar do partido, mas houve quem não quisesse falar.

Feita a clarificação interna, o líder do PSD de Coimbra, Maurício Marques, reclama unidade e pede empenho na construção de uma alternativa política ao Governo. “A unidade no PSD faz-se por acção da comissão política nacional. Cabe a ela fazer tudo para promover essa unidade, bem como criar uma estratégia de oposição ao Governo e promover uma alternativa a esta frente de esquerda”, defende, acrescentando que “todas as pessoas do partido já deram mostras de querer colaborar”.

Numa alusão aos próximos combates eleitorais, o deputado e conselheiro nacional considera que direcção de Rio deve “escolher os melhores”. Sem nunca abordar a questão das listas quer para o Parlamento Europeu quer para a Assembleia da República,  Maurício Marques deixa, no entanto, claro o seu ponto de vista nesta matéria: “Espero que se escolham os melhores e que não dispensem aqueles que querem colaborar”.

Pedro Pinto, que foi muito crítico da direcção de Rio no conselho nacional, considera a questão da clarificação interna “um “assunto encerrado”. “Nós somos todos do mesmo partido, somos todos do PSD”, reforça. “Houve um conjunto de pessoas, eu incluído, que acharam que era importante fazer uma clarificação no partido, essa clarificação foi feita e o partido decidiu que Rui Rio ia continuar como presidente e vai ser primeiro-ministro de Portugal”, declarou o líder da distrital de Lisboa, garantindo o apoio da sua estrutura ao presidente do PSD.

“[Rui Rio] tem de contar com todos e a distrital e Lisboa vai apoiá-lo”, afirmou Pedro Pinto, fechando a porta a um cenário de eleições antecipadas para a distrital. “Tenho um mandato e ninguém questionou a minha liderança”, concluiu o deputado, que foi um dos mentores do movimento pró-Luís Montenegro.

Também Pedro Alves afasta eleições antecipadas na distrital de Viseu, que lidera. “Há um novo capítulo, estamos cooperantes com o partido e em Viseu o nosso adversário é o Governo socialista e das esquerdas, e não o PSD”, assumiu Pedro Alves, evidenciando, contudo, que, “independentemente de algumas conclusões que se tirem de forma natural, foi perceptível que havia necessidade de se fazer uma reflexão e vai haver uma sintonia maior em função de uma alternativa a este Governo". “Temos de nos focar em sermos uma alternativa real a este Governo e havia a percepção de que esse objectivo não estava a ser conseguido".

Sugerir correcção
Ler 1 comentários