Parlamento grego ratifica acordo histórico que altera nome da Macedónia

O governo de Alexis Tsipras teve uma vitória diplomática, ao resolver um conflito de 27 anos.

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O primeiro-ministro Alexis Tsipras no Parlamento Costas Baltas/REUTERS

Os deputados gregos ratificaram o Acordo de Prespes, que permite ao país vizinho passar a chamar-se República da Macedónia do Norte e acaba com o veto do governo de Atenas à adesão deste pequeno Estado balcânico à NATO e à União Europeia. Põe também fim a um diferendo diplomático que dura há 27 anos.

O acordo, assinado pelos governos de Atenas e Skopje em Junho de 2018, enfrentou uma forte oposição nas ruas e também da Nova Democracia, o maior partido de centro-direita, na oposição. No entanto, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, garantiu o apoio de 153 dos 300 deputados, incluindo os 145 eleitos pelo seu partido de esquerda Syriza, no poder desde 2015.

Os restantes oito votos vieram de deputados independentes, do centro e de dissidentes das fileiras do ex-parceiro governamental, os Gregos Independentes do ex-ministro da Defesa Panos Kammenos, que rompeu a coligação a 13 de Janeiro e abandonou o cargo de por discordar do Acordo de Prespes.

"Hoje estamos a escrever uma nova página nos Balcãs. O ódio do nacionalismo e do conflito está a ceder caminho à amizade, à paz e cooperação", escreveu o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, na sua conta de Twitter.

O voto de ratificação surgiu após três dias de intensos debates, destinado a terminar com quase três décadas de um contencioso que impediu a ex-república jugoslava, independente desde 1991, de aderir à NATO e à União Europeia.

Anteriores governos gregos foram contra um compromisso deste género e amplos sectores da sociedade argumentam que a utilização do nome Macedónia pelo país vizinho da Grécia implicava reivindicações territoriais sobre a província com o mesmo nome no Norte do país e uma usurpação da cultura e da história da Grécia Antiga.

A oposição ao uso do nome Macedónia fora da Grécia é grande no Norte do país, mas segundo as sondagens perto de 60% dos gregos são contra, diz a BBC.

A polémica ficou patente no debate antes da votação, que durou 38 horas. A maior parte dos mais de 200 deputados quis pronunciar-se e ao longo da sessão deputados do partido da extrema-direita gritaram "Traição".

Na noite de quinta para sexta-feira, houve manifestações contra a ratificação do acordo nas ruas de Atenas. Foi defendida a realização de um referendo. A polícia disparou grás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes que empunhavam bandeiras gregas e gritaram a palavra de ordem "Tirem as mãos da Macedónia" - alguns manifestantes atiraram cocktails Molotov e pedras contra a polícia.

O Parlamento macedónio tinha já ratificado o acordo sobre a mudança do nome em 11 de Janeiro, após um referendo.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, celebrou o sucesso deste acordo diplomático. "Tiveram imaginação, arriscaram-se, estiveram dispostos a sacrificar os seus interesses por um bem maior", escreveu na sua conta de Twitter. "Cumprida uma missão impossível."

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