Este réptil tinha os olhos tão pequenos que caçava com o tacto

Um réptil marinho chamado Eretmorhipis carrolldongi viveu há cerca de 250 milhões de anos e era parecido com um ornitorrinco.

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Ilustração artística do réptil marinho Eretmorhipis carrolldongi Gianluca Danini

Os olhos do já extinto Eretmorhipis carrolldongi eram tão pequenos em relação ao seu tamanho que este réptil marinho tinha de caçar através do tacto. Esta é a principal conclusão de um estudo publicado na revista científica Scientific Reports, que descreve este réptil como o amniota mais antigo (até agora) com uma capacidade visual reduzida.

O primeiro exemplar conhecido desta espécie foi descrito em 2015 na revista científica Plos One. Contudo, esse espécime não tinha cabeça. Só em 2016 se encontrou um novo exemplar com cabeça na província de Hubei, na China. Esta descoberta permitiu que se fizesse agora uma descrição mais completa deste réptil marinho com cerca de 250 milhões de anos.

Este réptil marinho do início do Triásico tinha um corpo alongado com 70 centímetros de comprimento. Já a órbita do seu olho era de apenas um centímetro de diâmetro. O Eretmorhipis carrolldongi tinha assim uns olhos pequenos em relação ao seu corpo. A cabeça também era pequena e tinha um bico que parecia um focinho. Portanto, este réptil seria muito semelhante a um ornitorrinco actual.

“O Eretmorhipis fazia manobras lentas com o seu corpo rígido e cauda acoplada com grandes barbatanas propulsivas em forma de leque”, refere-se no artigo científico. Não se sabe exactamente qual era sua dieta, mas as suas presas seriam, provavelmente, artrópodes como o camarão.

Mas, com a sua visão reduzida, como caçaria? “A reduzida capacidade de visão e o uso provável de pistas tácteis permitiu que o animal caçasse em condições com pouca luz”, concluiu-se no artigo científico. Portanto, o tacto seria seu grande trunfo.

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Fóssil completo do Eretmorhipis carrolldongi L. Cheng et al/Scientific Reports

 O Eretmorhipis carrolldongi representa assim o registo mais antigo de um amniota (animais cujos embriões estão rodeados por uma membrana amniótica) com uma visão reduzida, o que significa que os amniotas começaram a usar tacto para distinguir a presa do predador pelo menos desde o início do Triásico. 

Além disso, este estudo desafia a visão tradicional que defende que a diversificação dos répteis marinhos se retardou depois da grande extinção em massa no final do Pérmico, há 252 milhões de anos. “Costumamos pressupor que a diversificação dos répteis marinhos levou muito tempo [a ser alcançada] depois da extinção em massa do final do Pérmico”, refere ao PÚBLICO Ryosuke Motani, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos) e um dos autores do trabalho. “O novo fóssil traz-nos um grande número de provas de que a ecologia dos répteis marinhos se diversificou rapidamente assim que eles apareceram.”

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