Benfica quer divulgação de áudio do VAR no golo anulado
Arbitragem do jogo frente ao FC Porto causou desagrado ao clube da Luz. Sp. Braga também se queixa e Proença diz que se habituou à “falta de racionalidade”.
O clima de fair play que a Liga idealizou para a final four da Taça da Liga está, definitivamente, extinto. O golo de Pizzi, na meia-final da competição frente ao FC Porto, anulado por suposto fora-de-jogo de Rafa, levou o Benfica a pedir a divulgação das comunicações entre o árbitro da partida, Carlos Xistra, e Fábio Veríssimo, responsável pelo videoárbitro (VAR). Apesar de o pedido inicial ter sido rejeitado, as “águias”, através da newsletter News Benfica, afirmam que a divulgação das comunicações seria feita “em nome da transparência”.
“Por que razão o árbitro não quis rever no monitor o segundo golo do Benfica, erradamente invalidado por um pretenso fora-de-jogo que as imagens provam não ter existido?”, questionam os “encarnados”, afirmando que há a necessidade de não deixar esquecer o assunto “em nome da verdade desportiva”.
Para além de questionarem a decisão do fora-de-jogo, os “encarnados” protestam que o videoárbitro não tenha sinalizado supostas “faltas nítidas” nas jogadas que levaram aos golos do FC Porto, na primeira parte do encontro de terça-feira.
Após o apito final, Luís Filipe Vieira, presidente das “águias”, afirmou que Fábio Veríssimo não tinha condições para continuar na arbitragem: “Quando assistimos a alguém com câmara de televisão à frente, que é arbitro e não consegue distinguir em lance de TV se é fora-de-jogo ou não... Se não consegue distinguir, no lance do primeiro golo do FC Porto, se é falta ou não, este homem não pode arbitrar mais”.
A verdade é que Fábio Veríssimo, da Associação de Futebol de Leiria e internacional desde 2015, pediu dispensa, que o Conselho de Arbitragem aceitou, condenando, ainda, as pressões sobre os juízes.
Sp. Braga também se queixa do VAR
Na segunda meia-final da Taça da Liga, o Sp.Braga, equipa eliminada no desempate de grandes penalidades pelo Sporting, também se queixou da actuação do videoárbitro. Tal como o Benfica, os “arsenalistas” queixam-se de um golo invalidado. Aos 46 minutos, João Novais cabeceou para o fundo das redes “leoninas”, mas o lance foi anulado por falta ofensiva de Dyego Sousa no início da jogada.
Abel Ferreira, técnico do Sp.Braga, não conteve o descontentamento, mostrando a desilusão com a eliminação e com a actuação do VAR no lance no início da primeira parte: “O que sinto é que quando erro tenho de ser despedido. E quando se erra a olhar para imagens, quando conseguimos em dois dias fazer uma reflexão e ver. Comparem os lances, vejam os lances. Tirem o VAR, por favor! Se é para fazer isto, tirem o VAR. Deixem os árbitros errar à vontade, deixem-me errar à vontade, deixem os jogadores errar à vontade. E outra: não metam linhas. Se o VAR não tem linhas, não metam linhas para quem está em casa, porque isso confunde as pessoas".
O presidente dos “arsenalistas”, António Salvador, também não poupou nas palavras contra a equipa de arbitragem, liderada por Manuel Oliveira e com o auxílio de Luís Godinho como videoárbitro: “Gostava de falar do jogo e das bancadas mas houve uma arbitragem fraca, sem categoria nenhuma. Quando se anula um golo por uma falta como aquela, quando o VAR chama para vir analisar e o árbitro marca a falta, tenho de dizer que foi fraco. Foi fraco enquanto jogador e enquanto árbitro é mesmo muito fraco. Está a acabar carreira e não chegou a internacional”.
Pedro Proença: “Já nada me entristece”
"Já nada me entristece. Antes da Liga era árbitro e a convivência com a falta de racionalidade foi algo a que me habituei. Mal de nós se nos deixássemos levar por este processo comunicacional adoptado nos últimos dois dias contra os quase 365 dias de trabalho. Fazemos do futebol uma festa, uma festa única. Gostávamos que a linguagem fosse diferente, mas gosto de perspectivar isto na óptica positiva”, afirmou o presidente da Liga, Pedro Proença, após ter marcado presença na conferência Ética na Comunicação do Futebol Profissional.
O ex-árbitro confessou preferir uma “linguagem diferente” mas, garante, esta “discussão irracional” apenas existe devido ao trabalho da Liga que conferiu à Taça da Liga importância renovada: "Há três anos, um jogo destes, da meia-final desta competição não punha nada em causa, agora põe e isso é sinal que a Liga está a fazer bem o seu trabalho. Esta competição hoje gera vontade de vitória, leva a que as pessoas tenham esta discussão irracional, que algumas vezes ultrapassa as formas de comunicar que gostaríamos de ver em alguns autores. Olhamos pelo lado positivo".