Pobre Inglaterra

Um dos problemas do "Brexit" é que o que está em jogo só superficialmente tem a ver com a União Europeia. Embora haja excepções o que há é uma inglesíssima guerra de classes.

De todos os políticos britânicos que tenho visto e ouvido falar acerca do "Brexit" o mais inteligente, claro e sensato é Rory Stewart, um bom escritor, viajante e diplomata com 46 anos.

Um dos problemas do "Brexit" é que o que está em jogo só superficialmente tem a ver com a União Europeia. Embora haja excepções o que há é uma inglesíssima guerra de classes. Os desfavorecidos querem o oposto do que querem os favorecidos e a grande maioria dos favorecidos quer ficar na União Europeia até porque tiram muito mais partido da União Europeia do que os desfavorecidos.

A questão da fronteira da Irlanda do Norte também não tem nada a ver com a União Europeia. A estranheza vem do facto da Irlanda ser uma ilha que contém uma parte que não pertence à Irlanda mas sim ao Reino Unido.

A Inglaterra e a Irlanda, por muito que se proteste o contrário, são inimigas. É impossível ser-se irlandês e não sentir ressentimento pelas violências coloniais inglesas.

Os unionistas da Irlanda do Norte precisam da Inglaterra e do Reino Unido porque ficariam em minoria se a Irlanda fosse toda governada por Dublin. A maioria dos ingleses não gosta dos unionistas e bem que gostaria de entregar a Irlanda do Norte e ver-se livre, duma vez por todas, dos problemas com a Irlanda.

É por isso que dói tanto a Theresa May depender tanto dos DUP na Casa dos Comuns. Os deputados da DUP, duros mas sábios e experientes, sabem tudo isto mas, como bons políticos que são, exploram a situação.

A sério, fica-se com pena dos ingleses e da Inglaterra.

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