Exposição

Carris: a bordo de um eléctrico chamado nostalgia

Eléctrico em Lisboa. Data desconhecida
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Eléctrico em Lisboa. Data desconhecida

O princípio da história da Carris, empresa de transporte público de passageiros de Lisboa, remonta a 18 de Setembro de 1872, no Rio de Janeiro.

A primeira linha, que se estendia entre os pontos hoje conhecidos por Santa Apolónia e Santos (então denominadas Estação da Linha Férrea do Norte e Leste e Aterro da Boa Vista, respectivamente), estaria finalizada a 17 de Novembro de 1873. No final do primeiro ano de exploração, a empresa dispunha de cerca de 30 quilómetros de linha, 54 carros e 421 cabeças de gado – cavalos e gado bovino eram, então, a força motriz de toda a rede de transporte lisboeta.

A construção da Estação de Santo Amaro, onde viria a instalar-se a sede da empresa, não tardou. Em 1874, em terrenos da velha Quinta do Saldanha, é iniciada a construção de cavalariças, cocheiras, oficinas e celeiros que viriam a integrar a estação e a desempenhar um papel fundamental no funcionamento quotidiano da Carris.

É às funções de barbeiro, cobrador, telefonista, profissional de saúde e operário das oficinas que o museu da empresa – que celebrou, a 12 de Janeiro deste ano, o vigésimo aniversário – decide prestar homenagem na exposição temporária Ofícios da Companhia, que estará patente até dia 15 de Fevereiro nas suas instalações, em Lisboa.

"As estações da Carris, particularmente, a de Santo Amaro, albergavam diversos ofícios que servem de bastidores a todo o serviço da linha da frente", explica o museu em comunicado. "Cada estação dispunha de um conjunto de serviços internos destinados aos trabalhadores e à própria manutenção da 'engrenagem' do serviço de transporte público na cidade", explica Joana Gomes, coordenadora e educadora no serviço educativo do Museu da Carris. "Na Estação de Miraflores, onde funcionam hoje os serviços centrais da empresa, ainda existe um posto médico e, em Santo Amaro, ainda existe um pavilhão para os funcionários e seu Grupo Desportivo", acrescenta. 

A exposição Ofícios da Companhia dá "a conhecer (...) elementos do espólio e da história da empresa menos visíveis", através da mostra de objectos históricos e arquivo fotográfico do período compreendido entre 1944 e 1992.

Depois do carro americano, que era movido com recurso à força animal, seguiu-se o carro eléctrico, em 1901. No dia 10 de Julho do ano seguinte, é inaugurado o elevador de Santa Justa, que funcionava a vapor. Em 1912, surgem os primeiros autocarros; são adquiridos cinco veículos para ligar áreas não abrangidas pela rede do serviço eléctrico; a primeira carreira ligou Sete Rios a Carnide. Em 1940, a Carris inaugura, oficialmente o serviço de autocarros; sete anos depois, são integrados os primeiros veículos de dois pisos. Outros pontos-chave da história da empresa, desde a sua fundação até à modernidade, podem ser conhecidos no site da empresa.

Autocarro nº 76 (piso 1) e trabalhos de limpeza de “Trucks” com jactos de ar. Data desconhecida
Autocarro nº 76 (piso 1) e trabalhos de limpeza de “Trucks” com jactos de ar. Data desconhecida Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Fase de pintura de um painel publicitário da “Guloso” no autocarro nº203, AEC REGENT MK III. Década de 1950/60
Fase de pintura de um painel publicitário da “Guloso” no autocarro nº203, AEC REGENT MK III. Década de 1950/60 Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Oficina de barbearia de Santo Amaro. Data desconhecida
Oficina de barbearia de Santo Amaro. Data desconhecida Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Barbearia da estação do Arco do Cego. Oferta do clube desportivo em 1992
Barbearia da estação do Arco do Cego. Oferta do clube desportivo em 1992 Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Funcionários da empresa. Amâncio de Araújo, cobrador. 1944
Funcionários da empresa. Amâncio de Araújo, cobrador. 1944 Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Manufactura de estofos para carros eléctricos em palha entrançada (“palhinhas”). Data aproximada: 1965
Manufactura de estofos para carros eléctricos em palha entrançada (“palhinhas”). Data aproximada: 1965 Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Trabalhos oficinais: limando peças em torno. Data desconhecida
Trabalhos oficinais: limando peças em torno. Data desconhecida Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Visita dos “Amigos de Lisboa” à Estação de Cabo Ruivo. 1962
Visita dos “Amigos de Lisboa” à Estação de Cabo Ruivo. 1962 Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Fotografia da construção da Estação das Amoreiras. Apiloamento do muro de suporte de betão armado. Oferta do Clube desportivo em 1992
Fotografia da construção da Estação das Amoreiras. Apiloamento do muro de suporte de betão armado. Oferta do Clube desportivo em 1992 Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Fotografia de carro eléctrico nº 206 à entrada da Estação de Santo Amaro. Anos 1950/60
Fotografia de carro eléctrico nº 206 à entrada da Estação de Santo Amaro. Anos 1950/60 Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Gabinete médico do Complexo de Miraflores. 1993
Gabinete médico do Complexo de Miraflores. 1993 Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Sala de tratamento do posto médico da estação do Arco do Cego, situado no 1º andar do Edifício E. 1996
Sala de tratamento do posto médico da estação do Arco do Cego, situado no 1º andar do Edifício E. 1996 Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Gabinete médico da estação de Santo Amaro. Década de 1980
Gabinete médico da estação de Santo Amaro. Década de 1980 Arquivo fotográfico do Museu da Carris
Gabinete médico do Complexo de Miraflores. Década de 1980
Gabinete médico do Complexo de Miraflores. Década de 1980 Arquivo fotográfico do Museu da Carris