O problema já não é a Taça da Liga, é a falta de tempo

Benfica e FC Porto defrontam-se hoje na primeira meia-final da competição. Bruno Lage e Sérgio Conceição queixam-se da falta de tempo para preparar a partida, devido ao calendário sobrecarregado

Foto
Benfica e FC Porto defrontam-se nesta terça-feira para a Taça da Liga JOSÉ SENA GOULÃO/Lusa

A competição mais mal-amada do futebol português tem este ano motivos de interesse inéditos: pela primeira vez em 12 edições, está reunido na fase final da Taça da Liga o "top-4" do campeonato, com FC Porto e Benfica – líder e vice-líder da I Liga, respectivamente – a darem o pontapé de saída na noite desta terça-feira (19h45, SP-TV1), numas meias-finais que vão ainda contar com um duelo, na quarta-feira, entre o anfitrião Sp. Braga e o Sporting. E, ao contrário do que acontecia no passado, toda a gente tem os olhos postos no troféu.

PÚBLICO -
Aumentar

Numa competição cujo formato favorece as equipas mais fortes, há um historial de intrusos que, contra todas as probabilidades, se intrometeram entre os semifinalistas. Basta recuar ao ano passado para encontrar um desses exemplos: a Oliveirense, da II Liga, chegou às meias-finais da Taça da Liga. E no ano anterior assistiu-se a uma das histórias mais inesperadas da prova: após bater o FC Porto (na fase de grupos) e o Benfica (nas meias-finais), o Moreirense derrotou o Sp. Braga na final e conquistou o troféu. Um feito, tendo em conta que o clube que estava então perigosamente perto dos lugares de descida.

Esta noite, nem Benfica, nem FC Porto vão querer arriscar. No segundo encontro entre os dois emblemas esta época, após o triunfo “encarnado” na Luz, na sétima jornada, será Bruno Lage a enfrentar Sérgio Conceição. E se, num passado recente, os “dragões” sempre colocaram a Taça da Liga num plano (muito) secundário, agora a realidade é outra: “No início, esta competição era um bocadinho desvalorizada, mas neste momento vemos que os quatro primeiros classificados da I Liga vão disputar estas meias-finais. Preparámos o jogo da melhor forma para ir à final, embora não com o tempo que eu gostava. Queremos ganhar o segundo título da época, mas para isso temos de vencer antes de mais o Benfica”, sublinhou o treinador do FC Porto.

Não é preciso recuar muito no tempo para encontrar declarações do presidente do FC Porto, Pinto da Costa, em sentido diametralmente oposto às do técnico. “Estou satisfeito porque não se lesionou ninguém e ninguém foi expulso. Desta já estamos livres”, afirmou em 2011-12. “Todos os jogos do FC Porto são importantes, mas este é menos pela prova que é”, disse em 2012-13. “Não me importo de perder todos os jogos na Taça da Liga”, admitiu mesmo em 2010-11.

As queixas de Sérgio Conceição sobre a falta de tempo tiveram eco do outro lado: “Os detalhes são parte da base daquilo que é a nossa estratégia para o jogo. Aproveito para reflectir sobre aquilo que é o nosso trabalho ao termos três dias para preparar um jogo. Se numa equipa os comportamentos já estão solidificados, ou seja, já há uma base de trabalho, para nós é mais difícil e é isso que temos vindo a fazer ao longo destes 12 dias em que estamos à frente da equipa”, apontou Bruno Lage, que poderá conduzir o Benfica ao oitavo título em 12 edições na Taça da Liga – juntando-se a Quique Flores (um título), Jorge Jesus (cinco) e Rui Vitória (um) no lote de técnicos vencedores pelos “encarnados”.

Esta será a quarta ocasião em que Benfica e FC Porto se cruzam na Taça da Liga, com um historial favorável ao emblema da Luz. Em 2009-10, os “encarnados” venceram os “dragões” por 3-0 na final. Em 2011-12, na meia-final, o Benfica ganhou por 3-2, e na mesma fase da prova, em 2013-14, impôs-se nos penáltis após o empate a 0-0.

“Nota-se que o ambiente [no Benfica] é melhor, após quatro vitórias seguidas. Há a motivação natural do grupo face à mudança [de treinador], a competitividade no grupo passa para níveis superiores. Estamos atentos a isso e estamos atentos à forma como a equipa joga, de forma um pouco diferente em relação ao passado”, assinalou Sérgio Conceição. “Estamos a encarar o jogo como uma final. É uma final para chegarmos a uma final, e é com esta determinação que vamos encarar o jogo”, garantiu Bruno Lage.

É a importância renovada de uma competição que já teve quase tantas polémicas quanto edições realizadas. Houve erros de arbitragem que levaram ao arremesso de medalhas, houve controvérsia pelo atrasos no início de jogos, e até polémicas com idades (um dos factores de desempate).

Sugerir correcção
Ler 1 comentários