João Sousa continua a ganhar na Austrália

Depois de ter sido eliminado na terceira ronda da prova em singulares, João Sousa estabeleceu um novo recorde para o ténis português em pares.

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João Sousa LUSA/LUKAS COCH

Nuno Marques, ao lado do belga Tom Vanhoudt, no Open da Austrália de 2000, e João Sousa, ao lado do argentino Leonardo Mayer, no Open dos EUA de 2015, já tinham estado perto. Mas foi nesta edição do Open australiano que o ténis português estabeleceu um novo recorde, e novamente pela raqueta de Sousa, ao lado do amigo Leo: uma presença numas meias-finais de um torneio do Grand Slam.

“Estou muito contente pelo nível que exibimos, é importante para nós, que já tínhamos alcançado uns quartos-de-final e não passámos. E estar numa meia-final é todo um orgulho para mim”, revelou o tenista nascido há 29 anos em Guimarães, depois de ver o seu segundo serviço ser respondido para fora, no segundo match-point que deu a vitória, por 6-4, 7-6 (8/6), sobre os especialistas (só competem em pares) Raven Klaasen e Michael Venus, que terminaram 2018 como a sexta melhor dupla mundial.

“Começámos muito fortes, a responder muito bem e conseguimos fazer um break no final do primeiro set, onde eles terminaram numa dupla-falta. Depois, um segundo set muito equilibrado, em que não houve quebras de serviço e foi decidido num tie-break, muito bem disputado da nossa parte”, resumiu Sousa, após o encontro que teve lugar na Margaret Court Arena.

Apesar de terem perdido a vantagem de um break no jogo inaugural, quando cederam o 2-2 no serviço de Mayer, a dupla luso-argentina foi a mais sólida. A 4-4, o neo-zelandês Venus sofreu novamente um break, que acabaria por decidir a primeira partida. No segundo set, não se registaram quaisquer break-points, nem mini-breaks no jogo decisivo, até o sul-africano Klaasen cometer uma dupla-falta e dar a oportunidade a Sousa/Mayer de fecharem, ao fim de uma hora e 32 minutos.

O contentamento estendeu-se ao treinador, Frederico Marques, que confirmou uma vez mais os progressos efectuados por Sousa. “Como tenho vindo a dizer, realizámos um par de alterações técnicas relativamente ao ano passado e quanto mais competição tivermos melhor, para mecanizar os golpes que sofreram alterações. Hoje em dia, o serviço e a resposta são fundamentais para estar competitivo e poder ganhar. Os pares ajudam a trabalhar e a melhorar esse aspecto. Este resultado vem do bom trabalho e paciência do João nos últimos anos”, explicou.

Embora os singulares sejam a prioridade, em termos de classificação na tabela ATP, Sousa vai continuar a disputar esta variante sempre que possível, depois de, em 2018, ter alcançado o objectivo de terminar dentro dos primeiros 50 de pares.

“Este resultado, não muda nada em relação aos nossos objectivos para 2019. Queremos vencer mais e subir na classificação de singulares. É sempre bonito estar numa meia-final de Grand Slam de pares, mas o mais importante é poder estar mais tempo em competição, mais tempo sobre a pressão da competição”, frisou Marques.

Esta madrugada, ficavam conhecidos os futuros adversários, que saíam do duelo entre a terceira dupla mais cotada do torneio, Jamie Murray/Bruno Soares, e a 12.ª, Henri Kontinen/John Peers.

Confirmada igualmente a subida de Sousa no ranking de pares, onde figura no 45.º lugar, o vimaranense será o único tenista do mundo que irá surgir no "top-40" dos dois rankings, individual e pares, na próxima segunda-feira.

No torneio individual, o balanço dos confrontos entre gerações saldou-se por um empate. No primeiro torneio que realiza desde Setembro, Rafael Nadal (32 anos) continua a confirmar estar em boa forma física e dominou o mais desgastado Frances Tiafoe (20), em menos de duas horas: 6-3, 6-4 e 6-2. “Cheguei aqui com sensações positivas, fiz muitas coisas bem antes de o torneio começar. E depois tenho de competir, ganhar encontros, o que é sempre um desafio para quem não compete há muito tempo”, afirmou o número dois do ranking, após negar qualquer break a Tiafoe (39.º). O próximo adversário de Nadal é Stefanos Tsitsipas, que perdeu os dois anteriores duelos, o último dos quais no dia do seu 20.º aniversário, na final do Masters 1000 de Toronto, torneio onde o grego cometeu a proeza de derrotar quatro "top-10".

Tsitsipas (20 anos) tornou-se no mais jovem tenista desde 2003 (Andy Roddick) a atingir as meias-finais do Open da Austrália, ao vencer o espanhol Roberto Bautista Agut (30), por 7-5, 4-6, 6-4 e 7-6 (7/2). "Parece um conto de fadas, o sonho para o qual eu tenho estado a trabalhar. Quando disse, no início da época, que um dos meus objectivos era estar na meia-final de um Grand Slam, pensei logo ‘devo ser maluco’”, afirmou, depois de um encontro em que teve de confirmar a vitória anterior sobre Roger Federer. E Tsitsipas não desiludiu, sendo mais forte mentalmente do que o mais experiente Bautista Agut (24.º). “O que me apercebi recentemente é que o adversário sente exactamente o mesmo que eu. A diferença é quem pressiona mais e é mais agressivo do que o outro. Mas surpreendi-me um pouco a mim próprio com a minha exibição”, afirmou o sempre lúcido Tsitsipas.

O torneio feminino ficou sem a melhor esperança local, Ashleigh Barty (15.ª), incapaz de contrariar a potência de Petra Kvitova (8.ª), regressada às meias-finais de um major, depois de conquistar o segundo título em Wimbledon, em 2014. Autora de 25 winners, Kvitova derrotou a australiana, por 6-1, 6-4, em 68 minutos. Para chegar à final, a checa terá de ultrapassar a estreante, mas muito competitiva Danielle Collins (35.ª).

A bicampeã universitária dos EUA que, há um ano ocupava o 160.º lugar do ranking, continua a progredir no circuito profissional e, depois de há nove dias, ter ganho pela primeira vez um encontro num Grand Slam, vai agora discutir um lugar na final, após derrotar Anastasia Pavlyuchenkova (42.º), por 2-6, 7-5 e 6-1. 

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