Associação Natureza e WWF pedem pacto para o clima e um vice-primeiro-ministro para o sector

Alertando para o uso insustentável dos recursos do planeta, lembrando que Portugal esgotou em Junho de 2018 os recursos que tinha para o ano, as associações dizem que é preciso agir já.

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Rui Gaudêncio

A Associação Natureza Portugal (ANP), em associação com a WWF, pede um "pacto nacional de sustentabilidade", assente em objectivos ligados às alterações climáticas, protecção da natureza e desenvolvimento sustentável, e sugere um vice-primeiro-ministro para o sector.

A ANP/WWF apresentou nesta segunda-feira o que considera as principais tendências ambientais para este ano, marcado por eleições europeias e legislativas, pelo que propõe aos políticos "um pacto nacional de sustentabilidade - por um Portugal mais seguro, competitivo e responsável".

Diz a organização, associada em Portugal à internacional World Wide Fund for Nature (WWF), que a estabilidade económica e política, a criação de empregos e a relevância global do país dependerão do investimento no combate às alterações climáticas, de se travar a degradação ambiental e de se investir nos sectores sustentáveis da economia azul e verde (uso inteligente de recursos).

O próximo Governo deve ter um vice-primeiro-ministro "cujo mandato inclua o combate às alterações climáticas e à degradação ambiental", sugere a ANP/WWF, que propõe também a criação de um conselho estratégico para as políticas ambientais portuguesas, composto por entidades de várias áreas.

Alertando para o uso insustentável dos recursos do planeta, lembrando que Portugal esgotou em Junho de 2018 os recursos que tinha para o ano, a ANP/WWF diz que é preciso agir já.

"O Relatório do Planeta Vivo 2018 da WWF prova inequivocamente o estado de declínio do planeta, destacando a necessidade de parar a perda da biodiversidade com urgência, se quisermos ter alguma esperança de garantir um futuro sustentável para as pessoas, a vida selvagem e os ecossistemas", afirma-se num comunicado da ANP/WWF, que destaca como positivo de 2018 o aumento da consciencialização e preocupação dos portugueses com o ambiente.

Já para este ano os responsáveis da ANP/WWF prevêem um ano "turbulento", devido ao "Brexit" e a eleições.

Ângela Morgado, directora-executiva da associação, diz, citada no comunicado, que "a janela de oportunidade" para se tomarem decisões por "um futuro positivo e sustentável está quase a fechar-se", e que é preciso "um novo acordo para a natureza e as pessoas até 2020".

E diz ainda a responsável: "Quem escolhemos para nos governar na Europa e em Portugal agora vai decidir como irão viver os portugueses em 2030."

Por esse motivo a organização propõe o pacto de sustentabilidade, pedindo aos candidatos para que reconheçam que as alterações climáticas e a degradação ambiental são uma ameaça à segurança e competitividade, e que se comprometam com essa matéria.

É preciso, dizem os responsáveis, implementar o Acordo de Paris, criar um acordo que trave e reverta as perdas naturais em todo o mundo, adoptar leis que obriguem à divulgação de riscos de alterações climáticas, aprovar um orçamento em que 50% seja dedicado às economias verde e azul, e, entre outras medidas, nomear um vice-primeiro ministro para a Acção Climática e os Recursos Naturais que seja responsável pela transição sustentável em Portugal.

Além das eleições, a ANP/WWF destaca para temas deste ano a directiva-quadro da água, quadros de financiamento europeu, decisão sobre a barragem de Fridão, a caça à rola, o restauro de paisagens após incêndios, o aeroporto do Montijo e a luta contra os plásticos e os resíduos.

A organização tem em 2019 projectos ligados ao percebe na Berlenga, ao rio Douro, ao montado na área de Montemor-o-Novo e Coruche, ao consumo sustentável de peixe e ao melhor conhecimento dos cavalos-marinhos.

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