A televisão já não passa sem o apocalipse

The Passage estreia-se esta segunda-feira, às 22h15, na Fox. É o fim do mundo com vampiros.

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Um dos vampiros de "The Passage" 21st Century Fox
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Mark-Paul Gosselaar é um agente federal que se revolta contra os seus superiore para salvar uma criança 21st Century Fox

As máquinas que ganharam consciência e se revoltaram. Uma praga desconhecida. Um asteróide. Uma invasão extraterrestre. Uma guerra nuclear. Uma acção divina. Uma catástrofe meteorológica. A ficção tem-nos dado várias hipóteses para o fim do mundo, que nunca morre de velho. Entre os vários apocalipses televisivos dos últimos tempos, The Walking Dead é o exemplo mais notável, em que os zombies dominam e a humanidade sobrevive como pode. E o que é que acontece quando um grupo de cientistas decide utilizar um vampiro para curar a humanidade de todos os seus males? Pois, o fim do mundo.

É este o ponto de partida de The Passage, que estreia nesta segunda-feira na Fox no horário habitual do apocalipse (22h15, a hora que também costuma ser dos zombies, sendo que o primeiro episódio já foi exibido na Comic Con Portugal no Verão passado), baseado numa trilogia de grande sucesso popular e de crítica da autoria do norte-americano Justin Cronin. E surge numa altura em que a televisão tem estado carregada de narrativas apocalípticas, como The Walking Dead, The Handmaid’s TaleThe Strain, The Last Man on EarthInto the Badlands ou The Leftovers, só para citar alguns exemplos entre centenas.

Claro que a obsessão da ficção pelo fim do mundo não é por acaso, e também não é por acaso que a humanidade seja sempre a culpada. “Depois de 1945 [final da II Guerra Mundial], as narrativas do apocalipse mudaram. Antes era a natureza, Deus, alguém assim… Depois, somos sempre nós”, explica o autor numa conversa com jornalistas (incluindo o PÚBLICO) durante a Comic Con de Nova Iorque em Outubro do ano passado.

“Em diferentes momentos, recorro a várias ansiedades. No terceiro livro, por exemplo, em que a acção se passa num futuro distante, é uma metáfora sobre o ambiente, sobre a ascensão de um novo predador no continente americano, é uma metáfora sobre a destruição do ambiente e dos limites da ciência. Estamos sempre a aproveitar estas coisas neste tipo de histórias”, refere Cronin, que levou dez anos a escrever a trilogia – começou a escrever o primeiro livro em 2006, o terceiro foi publicado em 2016.

Foi o fim do mundo, admite Cronin, que o colocou na rota dos best-sellers. “Andava a navegar pelos 40, tinha escrito dois romances muito honestos sobre a vida doméstica, até ao momento que me apercebi de que o meu livro preferido, de longe, era um livro sobre o fim do mundo, The Earth Abides, de George Stewart, um académico. Li-o 20 vezes quando era miúdo. É uma praga que mata quase toda a gente, excepto alguns que tentam formar uma comunidade. Como uma criança que cresceu durante a Guerra Fria, estas histórias diziam-me muito”, conta.

The Passage é uma narrativa apocalíptica que terá uma abrangência espacial e temporal bem mais alargada da que iremos ver nos primeiros tempos da série. Mas não será exactamente a mesma coisa que os livros. E não precisa de ser. “É uma versão da história. Perguntam-me muito o que é que eu penso de me mudarem os livros todos e a minha resposta é: os livros continuam na mesma. Todas as frases, a pontuação, a capa, nada mudou. É a resposta espertalhona. Claro que é uma versão da história que não é criada por mim. O meio visual é completamente diferente”, diz o autor da trilogia, que chegou a estar pensada para uma adaptação ao cinema – Ridley Scott comprou os direitos ainda antes do primeiro livro estar terminado, pensando inicialmente num filme, depois em três, e finalmente numa série de televisão, em que é um dos produtores executivos.

“Gostava de vos dizer mais, mas não posso”, lamenta Mark-Paul Gosselaar, antigo ídolo teen dos tempos de Já Tocou que tem sido uma presença constante na televisão norte-americana das últimas décadas. O actor, agora com 44 anos, surge em The Passage como um agente federal que se revolta contra os seus superiores para salvar uma menina condenada a ser uma cobaia de uma experiência que envolve testes com seres humanos e vampiros. O receio dos spoilers impede que Gosselaar conte muito da história, mas também ele diz que o que está na série não será necessariamente o que está nos livros: “Sou um enorme fã dos livros, é uma trilogia perfeita, e levou-me algum tempo a perceber que não precisamos de fazer a mesma coisa. É um outro ser.”

Os primeiros tempos de The Passage serão, então, sobre o início do apocalipse, o tal projecto de investigação que dá para o torto, e como esse projecto afecta a vida de todos os que estão envolvidos, desde a agência governamental secreta que desenvolve a pesquisa às cobaias humanas. Por enquanto, a história não irá ao futuro que está descrito nos livros, mas irá navegar entre o passado e o presente das personagens. Se for um sucesso e avançar para mais temporadas, saberemos como será esta versão do apocalipse.

O PÚBLICO viajou a convite da Fox

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