Super Mario Bros. U Deluxe democratiza a diversão

Lançado originalmente na Nintendo Wii U, o jogo de plataformas 2D chega agora à Nintendo Switch. Não é vigorosamente diferente, mas permite momentos memoráveis.

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Sinónimos de popularidade e quase sempre de qualidade, os videojogos protagonizados por Mario são uma âncora nos dispositivos da Nintendo. Seria esse o plano quando New Super Mario Bros. U chegou à Nintendo Wii U. Contudo, o fracasso comercial da consola foi tal que o jogo não teve a visibilidade pretendida. O cenário da Nintendo Switch é muito diferente, sendo neste momento uma plataforma vencedora – e a casa de Quioto sabe-o bem.

Depois de obras como Captain Toad e Mario Kart 8, agora é New Super Mario Bros. U a fazer a passagem da Wii U para a Switch, ganhando pelo caminho a designação Deluxe e mais conteúdo. Sendo uma obra de plataformas apresentadas em duas dimensões, assenta assim na fórmula mais tradicional da saga e, mesmo sem chegar aos píncaros de Super Mario Odyssey, continua a ser uma proposta recomendável, especialmente se pertencerem ao lote de jogadores que não experimentou a versão original.

Quem comprar a obra passará a maior temporada no Modo História. Com 164 níveis, é fácil compreender a maratona que se avizinha. A unir tudo isto está uma área que faz a ponte entre os níveis, como se estivéssemos a olhar para um jogo de tabuleiro. Graças à compreensão que a Nintendo tem da diversão, cada etapa pode ser experimentada por até quatro jogadores em simultâneo. E é aqui que entram na equação as propriedades do hardware da Switch.

A consola é híbrida e vem equipada com dois comandos Joy-Con, que se prestam a várias configurações. Se não estiverem acoplados à consola propriamente dita, o multijogador local para uma dupla de jogadores, cada um segurando o respectivo Joy-Con na horizontal, está garantido sem qualquer entrave. Muitas das várias horas que dediquei a Super Mario Bros. U Deluxe foram na companhia de outro jogador de carne e osso e isso só sublinha a cooperação, sim, mas acima de tudo a diversão que se extrai da obra.

Obviamente que há momentos em que as personagens chocam e outros há em que a distribuição de itens pode ser colocada em causa pelo descuido ou pela ganância, mas o cômputo geral destas sessões de jogo é o desfrutar do design dos níveis entre sorrisos e esgares. Há cinco personagens nesta versão, nomeadamente, Mario, Luigi, Toad, Toadette e ainda o Coelharápio, com as duas últimas a serem as novidades e a terem um impacto directo na jogabilidade.

São personagens pensadas para os jogadores menos experientes. Por exemplo, a Toadette transforma-se na Peachette quando apanha uma coroa especial, o que lhe garante algumas habilidades especiais, como o duplo salto e o uso do seu vestido para planar durante um longo período de tempo. O Coelharápio ainda torna a experiência mais fácil, pois não sofre dano dos inimigos. Além de tornar o jogo acessível a todos, isto faz com que as sessões multijogador não estejam dependentes da experiência de todos os envolvidos, pois um jogador experiente pode escolher Mario ou Luigi, enquanto que alguém chegado agora pode simplesmente optar pelo Coelharápio e não se preocupar com o seu grau de habilidade.

Ao longo das dezenas e dezenas de níveis não se encontram os riscos corridos e altamente recompensados de Super Mario Odyssey, mas ainda assim, sair de Super Mario Bros. U Deluxe é deixar para trás algumas áreas inspiradas. O tradicional e o expectável está cá, claro: cenários subaquáticos, na neve, no deserto, nas nuvens. Mas estão também etapas como a Selva Gelatinosa, que conta com o Pântano Pintado, um nível com um grafismo que parece ter ido beber inspiração às obras de Van Gogh.

Durante este tempo, sente-se ocasionalmente o aproximar de algum cansaço, com alguns dos níveis a não serem drasticamente diferentes entre – algo mais notório se forem jogadas várias horas seguidas. Ainda assim, este iminente cansaço ocasional é mitigado se a obra for experimentada cooperativamente e tenta ao máximo ser disfarçado pelos inimigos e alguns mini-jogos de premeio. Não é o suficiente para falhar e quando o design acerta, acerta em cheio na compreensão do que deve ser um título de plataformas 2D.

A longevidade é ainda prolongada de alguma forma com a inclusão de vários modos de jogo secundários, que passam por desafios que nos colocam contra o relógio, mas também por uma variante que faz o cenário deslocar-se mais rapidamente consoante o número de moedas apanhado, e outro em que o multijogador é rei, mas em vez da cooperação, aqui luta-se contra os nossos amigos para ver quem consegue amealhar mais moedas. Alguns têm os seus momentos frenéticos, mas funcionando mais como amuse-bouche do que propriamente como pratos principais.

Desde a jogabilidade até aos departamentos técnicos, Super Mario Bros. U Deluxe apresenta-se extremamente polido. Os gráficos são vibrantes e variados, deixando os jogadores sentirem que estão realmente a visitar locais distintos durante a sua jornada. A banda sonora acompanha bem essa diferenciação sem nunca perder o carisma que é carimbo da Nintendo. E além disso, sendo um jogo Switch, importa não esquecer que a obra é agora passível de ser jogada em formato portátil.

Quem experimentou New Super Mario Bros. U na sua versão original não encontrará em Deluxe nada de radicalmente diferente, mas parece-me não ser esse o público-alvo da Nintendo com este lançamento. Aqueles que passaram ao lado da Wii U, têm aqui um compêndio que conta com inúmeros capítulos dedicados a compreender o género, alguns dos quais verdadeiramente memoráveis. Desde a facilidade apresentada pelas novas personagens, às exigências da também incluída expansão New Super Luigi U, há aqui algo para todos os que chegam agora à obra, ainda mais se tiverem com quem partilhar a diversão.

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