Quatro médicos reforçam consulta de esclerose múltipla no Hospital de Santa Maria

CDS denunciou que o serviço tinha apenas um clínico e questionou se iria fechar. Administração garante reforço.

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Rui Gaudêncio

A consulta de esclerose múltipla no Hospital de Santa Maria, unidade que pertence ao Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), vai se reforçada com mais quatro médicos. Há pouco mais de um mês, na comissão parlamentar de Saúde, o CDS denunciou que o serviço tinha apenas um clínico, questionando se a consulta estava em risco de fechar.

Esta semana, quando esteve no Parlamento para falar sobre os efeitos da greve dos enfermeiros nos blocos operatórios, o presidente do conselho de administração do CHLN, Carlos Martins, adiantou que a consulta de esclerose múltipla vai passar a contar com cinco médicos. Em resposta do PÚBLICO, o gabinete de comunicação do CHLN prevê que os novos profissionais entrem ao serviço “no fim de Janeiro”. “Teremos dois neurologistas e três médicos internos em formação”, adiantou.

Reforço que permitirá a unidade “regressar aos cerca de 800 doentes” que seguia antes de a consulta ficar reduzida a um especialista e evitar que doentes tenham de ser encaminhados para outros hospitais da região, nomeadamente para os hospitais Amadora-Sintra, Loures e Garcia de Orta (Almada).

A situação da consulta de esclerose múltipla foi questionada pelo CDS em Dezembro, quando a ministra da Saúde esteve na comissão parlamentar. Nessa ocasião, a deputada Teresa Caeiro afirmou que a unidade só tinha um neurologista especialista em esclerose múltipla e que corria o risco de encerrar. No final da audição, a ministra disse estar a acompanhar a situação com o “maior cuidado" e a procurar soluções que poderiam passar por parcerias entre hospitais.

A consulta contava, no ano passado, com dois médicos, um especialista e um interno do último ano da especialidade, que saiu em Novembro por ter sido colocado, através de concurso, no Centro Hospitalar Lisboa Central (composto por seis hospitais, entre eles o São José). “Este problema foi atempadamente identificado, tendo sido pedida a sua contratação em Maio de 2018. Após a sua colocação no Centro Hospitalar Lisboa Central foi feito um pedido de mobilidade”, explicou o hospital. Este é um dos médicos que vai reforçar as consultas.

Mais enfermeiros e assistentes

Na comissão parlamentar de saúde da última quarta-feira, Carlos Martins — soube-se entretanto que vai ser substituído assim como o resto da administração — revelou que o centro hospitalar recebeu “autorização para a contratação de mais 30 enfermeiros e 32 assistentes operacionais”. De acordo com a informação fornecida ao PÚBLICO, 16 enfermeiros e dez assistentes operacionais assinaram contrato na sexta-feira.

Apesar das contratações, o hospital reconheceu que o número de enfermeiros e assistentes operacionais “mantém-se deficitário”. Na comissão de Saúde o presidente do conselho de administração disse aos deputados que 2018 “foi o pior ano de sempre” de absentismo na instituição. "Chegamos ao fim do ano com uma média diária de 900 profissionais que não estavam ao serviço da instituição por qualquer razão: baixa médica, licença da formação”, referiu Carlos Martins aos deputados.

Se a estes se juntar o efeito provocado pela redução do horário semanal de trabalho de 40 para 35 horas, que o administrador estimou como sendo equivalente a menos 548 funcionários, o impacto é ainda maior. “Chegarão à conclusão que um centro hospitalar universitário não ter diariamente cerca 1500 profissionais de 6300 obriga a muita resiliência e muita atenção diária. Mas também é algo que exige muito dos 5000 profissionais que se mantém ao serviço todos os dias. É uma carga grande sobre os profissionais”, concluiu.

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