Rio ao ataque contra o “logro” de um Governo que engana as pessoas

Três dias depois do conselho nacional, Rui Rio foi ao Funchal encerrar o congresso do PSD-Madeira. Intervenção bastante crítica para Governo surpreendeu.

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Rui Rio na Madeira LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

Um governo que não mente, mas engana. Sem estratégia nem rumo. “Um logro.” Rui Rio encerrou este domingo o XVII Congresso Regional do PSD-Madeira, que decorreu durante o fim-de-semana no Funchal, ao ataque, entusiasmando congressistas e surpreendendo Miguel Albuquerque.

“Para aqueles que diziam que não sabia fazer oposição, ainda bem que veio à Madeira mostrar como se faz”, disse o presidente reeleito dos social-democratas madeirenses, que ouviu Rio defender a descentralização – “é fundamental para o desenvolvimento do país” – antes de se lançar num balanço corrosivo ao mandato deste Governo que diz “estar a enganar” as pessoas.

Sobre a governação há, disse Rui Rio, três conclusões claras que podem já ser tiradas: falta de estratégia para o crescimento económico, degradação dos serviços públicos e o permanente engano aos portugueses.

Rio justificou cada uma das conclusões. Primeiro, olhou para o Orçamento do Estado para 2019 e não identificou uma linha de rumo ou de estratégia. “São medidas avulsas apenas para tentar conquistar a simpatia das pessoas em ano eleitoral”, acusou, referindo-se aos anteriores orçamentos como desenhados apenas para garantir a “estabilidade” da coligação parlamentar, ela própria cheia de “contradições”. Este Governo, continuou, distribuiu tudo o que tinha para “contentar o imediato”, esquecendo-se que amanhã teremos dias “seguramente” com menos facilidades.

Foram anos perdidos, considerou Rio. “Tivemos dos piores crescimentos económicos da União Europeia. Não se construiu nenhuma estratégia de crescimento. Não se fez nenhuma reforma estrutural. Não fizeram nada pelo investimento privado. Baixaram o investimento público. Agravou-se a taxa de poupança. Atingiu-se a maior carga fiscal da história de Portugal”, elencou, dizendo que mesmo assim, mesmo pensando no presente e distribuindo para agradar no imediato, o Governo não tem conseguido calar a contestação.

Porque, continuou, há “greves por todo o lado”. De enfermeiros, de médicos, de técnicos de diagnóstico, de estivadores, de bombeiros, de oficiais de justiça, de guardas prisionais, de professores, de inspectores da PJ, de trabalhadores dos transportes. “A conversa de que a austeridade acabou, é mero marketing socialista”, concluiu, direccionando o discurso para a degradação dos serviços públicos – “não se assiste há tantos anos a tanta degradação dos serviços públicos como se tem assistido nos últimos quatro anos em Portugal” –, exemplificando com a saúde e a ferrovia.

“Eu tenho muito cuidado sempre com as palavras. Notem que não estou aqui a dizer que eles degradaram tudo. Que herdaram tudo bem e que puserem tudo muito mal. Não exagero nas coisas. Agora há uma coisa que podemos dizer de forma clara: durante estes quatro anos, não melhorou, piorou”, considerou Rio, falando da necessidade de cumprir a Constituição no que toca à Saúde (“para todos e tendencialmente gratuita”) e de investir mais nos transportes ferroviários.

Preocupações também com a segurança e com a falta de resposta da protecção civil aos incêndios, ao estado das vias de transporte (Borba, como exemplo) e com Tancos. “[O roubo] Foi o exemplo máximo da incapacidade ao nível da segurança”, disse, acusando novamente o Governo de enganar as pessoas.

“Não é uma mentira completa, é o engano, é o logro”, criticou, exemplificando com anúncios que têm sido feitos. Baixa o imposto sobre os combustíveis, mas aumenta a taxa de carbono. “O consumidor passa a pagar mais, mas não mentiram quando disseram que baixaram os impostos.” Anuncia-se uma baixa de IVA na electricidade, mas afinal é apenas nos contadores e para os de menor potência. “Mais uma vez não mentiram, mas enganaram”, afirmou, terminando com a convicção de que o PSD tem condições de “prestar um melhor serviço ao país” do que aquele que o PS está a prestar.

Miguel Albuquerque pensa o mesmo. Na Madeira, disse, o partido é o único que está em condições de governar. Mesmo que de Lisboa venham ministros fazer “propaganda socialista”, mesmo que António Costa use o Estado para fazer política partidária. “Não votamos num Presidente [da República] para tirar selfies. Votamos para garantir o normal funcionamento das instituições democráticas”, sublinhou, pedindo a intervenção Marcelo Rebelo de Sousa para acabar com a “discriminação” que a Madeira está a ser alvo.

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