Pirata informático do Benfica fica detido em casa

Decisão foi alvo de recurso. Nenhum dos crimes imputados a Rui Pinto envolve o clube dos encarnados.

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daniel rocha

Rui Pinto, o homem que terá acedido ilegalmente aos e-mails do Benfica, vai ficar em prisão domiciliária em Budapeste enquanto não é extraditado. Mas tanto os seus advogados como o Ministério Público recorreram desta decisão tomada por um tribunal húngaro, o que significa que o suspeito tanto pode ainda vir a ser detido numa cadeia enquanto aguarda a extradição para Portugal, como pode ser libertado, explicou o seu representante legal português, Francisco Teixeira da Mota

Rui Pinto foi detido na Hungria esta semana por indícios de tentativa de extorsão qualificada, acesso ilegítimo, ofensa a pessoa colectiva e violação de segredo informático.

No dia que se seguiu à sua detenção, Rui Pinto assumiu ser autor da denúncia de vários escândalos do futebol mundial através do Football Leaks. É suspeito, neste momento, de seis crimes, nenhum dos quais envolvendo o Benfica ou o FC Porto.

O único clube de futebol visado nos crimes que lhe são assacados é o Sporting, que terá sido vítima de um crime de acesso ilegítimo. Segundo os elementos recolhidos pela investigação, Rui Pinto terá acedido, a 30 de Setembro de 2015, ao e-mail de vários membros da administração e do departamento jurídico dos “leões”.

Antes, já fizera o mesmo com o sistema informático do fundo de investimento Doyen Investment Sports, que financia passes de jogadores e treinadores de futebol. Este fundo, sediado em Malta, também terá sido visado pela tentativa de extorsão que o Ministério Público imputa a Rui Pinto.

Rui Pinto não quer ser extraditado para Portugal, mas terá poucas chances nesta matéria, uma vez que a lei só prevê que essa recusa possa ser aceite em casos extremos, como o de países em que vigore a pena de morte. A decisão das autoridades húngaras sobre a extradição deverá demorar cerca de um mês. 

Football Leaks teve início em Setembro de 2015, com a criação de uma página online que foi publicando documentos com informações relativas a transferências de jogadores, casos de doping, racismo, fraude e outras práticas do género.

Além de Francisco Teixeira da Mota, também William Bourdon - que representou Julian Assange e Edward Snowden - é advogado de Rui Pinto. O qual, segundo os dois causídicos, nos últimos tempos "foi seriamente ameaçado, sendo o seu silêncio o objectivo de muitos intervenientes no mundo do futebol". Os advogados justificam a actuação do cliente por este se sentir “indignado com práticas vigentes neste desporto”.

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