Rio de Janeiro vai ser Capital Mundial da Arquitectura em 2020

Título foi atribuído pela UNESCO, esta sexta-feira em Paris, respondendo a uma proposta da União Internacional dos Arquitectos (UIA). No próximo ano, a cidade brasileira vai acolher o 27.º congresso mundial da UIA.

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Rio de Janeiro ENRIC VIVES-RUBIO

A cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, foi designada Capital Mundial da Arquitectura em 2020 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), anunciou esta sexta-feira esta entidade, na sua sede, em Paris.

O anúncio daquela que será a primeira Capital Mundial da Arquitectura (CMA) foi feito na presença de representantes da UNESCO e da câmara do Rio de Janeiro, e também de Thomas Vonier, presidente da União Internacional dos Arquitectos (UIA).

Esta escolha surge na sequência de uma parceria firmada entre a UNESCO e a UIA, no sentido de designar uma CMA, que deverá acolher o 27.º congresso mundial da União dos Arquitectos, evento que decorre a cada três anos. O objectivo é que a Capital Mundial da Arquitectura se torne, em 2020, um fórum de debates sobre os desafios globais na perspectiva da cultura, do património mundial, do urbanismo e da arquitectura.

Neste sentido, o Rio de Janeiro irá ser palco de uma série de eventos sob o tema Todos os mundos. Só um mundo, para promover o 11.º objectivo da Agenda Internacional 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: "Tornar as cidades e aglomerados humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis". Mas a cidade brasileira promete não esconder as suas "mazelas", como primeira CMA, em 2020, disse à Lusa Verena Andreatta, a responsável pelo departamento de Urbanismo da autarquia carioca, no anúncio da iniciativa em Paris.

"O Rio de Janeiro, ao ser capital da arquitectura, vai abrigar uma quantidade de palestras, seminários e exposições que não serão apenas das belas arquitecturas da cidade e do mundo, mas também as nossas mazelas. O futuro do urbanismo será o foco desse debate que será organizado durante todo o ano de 2020", especificou a secretária municipal de Urbanismo do Rio de Janeiro.

Verena Andreatta substituiu o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, na declaração oficial em Paris da cidade brasileira como CMA em 2020. O prefeito brasileiro enviou, porém, uma mensagem em vídeo, na qual relembrou a relevância história do Rio de Janeiro e os seus 400 anos de história.

"Por ter sido porto e capital do Brasil durante mais de dois séculos, e sede de grandes eventos, reúne ícones arquitectónicos que conformam um acervo de marcos únicos na sua relação com o espaço urbano. Da região portuária, ao Palácio Capanema, ícone da arquitectura moderna, é possível passear por quatro séculos da história da arquitectura mundial", referiu Crivella na sua mensagem.

Presente na cerimónia na sede da UNESCO, o presidente da UIA, Thomas Vonier, referiu: "Que cidade melhor que o Rio de Janeiro para mostrar os desafios que enfrentamos nas cidades e nas nossas sociedades? Com uma população crescente, com muitos jovens, uma população com muitas necessidades e com muitas pessoas que vivem em circunstâncias difíceis. Pode a arquitectura resolver estes desafios, ao mesmo tempo que protege a rica herança existente e a beleza natural? O Rio tem todos os atributos para ser uma maravilhosa primeira capital mundial da arquitectura".

Na sessão em Paris, a directora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, fez-se representar por Ernesto Ottone, subdirector geral da Cultura da organização, que mencionou a perseverança do Brasil em conseguir este título.

A cidade espera ainda um aumento no número de turistas no próximo ano, entre os quais milhares de pessoas que se deslocarão especificamente para a CMA. "O Rio de Janeiro vai receber mais de 25 mil visitantes só com esta iniciativa que dinamiza o turismo, gera empregos e rendimento", disse ainda Verena Andreatta.

Como primeira CMA, o Rio de Janeiro vai ser palco de uma série de eventos a promover pela UNESCO, pela UIA e por instituições locais. O programa incluirá actividades para promover projectos que envolvam arquitectos e urbanistas, assim como responsáveis políticos, instituições sociais e profissionais de outros sectores, incluindo artistas e escritores, num espaço de diálogo criativo e inovador.

Organização não-governamental com sede em Paris, a UIA foi fundada em Lausana, na Suíça, em 28 de Junho de 1948, logo após o final da II Guerra Mundial, com o objectivo de unir e representar os arquitectos de todo o mundo, independentemente da nacionalidade, raça, religião ou opção arquitectónica, bem como de federar as suas organizações nacionais.

A UIA, actualmente presidida pelo norte-americano Thomas Vonier, reúne organizações profissionais de 123 países e territórios, representando mais de 3,2 milhões de arquitectos em todo o mundo.

(Recorde-se que a Casa da Arquitectura, em Matosinhos, apresenta actualmente, e até 28 de Abril, a exposição Infinito Vão, que documenta os últimos 90 anos da arquitectura brasileira).

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