Estas aulas de samba são para novos, velhos e até para quem não sabe dançar

Em Estarreja, terra de grandes festejos carnavalescos, a população é agora convidada a praticar actividade física de uma forma bem ritmada. As tardes de Sambafitness já são um sucesso

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Adriano Miranda
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Dilma Oliveira está sentada no chão, encostada à parede, mas a culpa não é dos seus quase 70 anos de idade – está a dias de os completar. “Não gosto desta parte dos exercícios”, confessa, poucos minutos antes de voltar a juntar-se ao grupo e tornar a entrar na dança. Os ritmos que por ali vão ecoando até são característicos do seu país de origem (Brasil), mas para Dilma Oliveira, radicada em Portugal há 22 anos, o importante é dançar.

“Tango, bolero, samba... gosto de tudo”, desabafa esta frequentadora habitual de danceterias. “Eu e seis amigas costumamos ir umas três vezes por semana”, prossegue, sem acusar qualquer tipo de cansaço. E a prova aí está, para quem quiser ver. Aos serões passados nas danceterias, Dilma Oliveira junta agora uma nova actividade dançante: as tardes de Sambafitness, que a câmara de Estarreja está a promover em conjunto com as escolas de samba do município. O objectivo? Colocar a população a praticar actividade física, de forma animada e com um carácter regular.

A receita é mais ou menos simples. A cada tarde de sábado (15h00 às 16h30), de Janeiro até finais de Junho, as portas do Ginásio do Ciclo Criativo estão abertas a quem quiser entrar no ritmo. Independentemente da idade e de terem ou não jeito para a dança, todos são bem-vindos – apenas é pedido que se inscrevam previamente, durante a semana. “Mesmo que nunca tenham sambado ou até achem que não têm jeito”, reforça Isabel Pinto, vereadora da autarquia estarrejense.

A actividade arrancou logo no primeiro sábado do ano, 5 de Janeiro, e irá ser dinamizada, de forma alternada, por cada uma das cinco escolas de samba do município. Mas sempre com esse dado adquirido. Aos participantes que vêm de fora – ou seja, que não são parte integrante das escolas de samba – apenas é exigida “alegria”. “Só vos peço isso: venham com garra, com energia, com alegria”, desafiava Patrícia Silva, rainha de bateria d’ Os Morenos, a escola de samba a quem coube a responsabilidade de dinamizar a segunda aula de Sambafitness.  Primeiro, com uma corrida no exterior, em jeito de aquecimento, seguida de alguns exercícios de “pernas e abdominais” e só depois a dança propriamente dita. Sem grandes regras ou movimentos obrigatórios. O importante era começar a acompanhar o ritmo.

Uma forma de fazer amigos

Entre as estreantes estava Carmen Henriquez, venezuelana a viver há quatro meses em Estarreja. “Sambar não é nada fácil”, testemunhava ao PÚBLICO, ao mesmo tempo que prometia manter-se firme no propósito de participar naquelas aulas. “Por uma questão de saúde e também para fazer amigos. Vim só com o meu marido, o meu filho, uma cunhada e a filha dela, e não conhecemos aqui muita gente”, apontava Carmen Henriquez. E também para ajudar a atenuar as saudades que vai sentindo do seu país. “Do clima, da comida, das pessoas”, enumerava.

Uns metros à frente, mas igualmente inexperiente em matéria de samba, Susana Costa deixava a garantia: “isto faz-nos muito bem”. Ao corpo e à mente, uma vez que “a alegria é contagiante”, referia. “Já é a segunda vez que venho e quero continuar a participar”, vincava esta estarrejense fã de “Carnaval, de música e de dançar” mas avessa às rotinas e obrigações a que estaria sujeita se pertencesse a um grupo de Carnaval.

Da parte das escolas de samba, a actividade merece uma avaliação ainda mais positiva. Além de ser útil para os próprios grupos “e para os seus elementos que têm aqui mais uma oportunidade de treinar, estas aulas poderão também ser uma forma de cativar mais pessoas para as escolas”, destacou André Silva, presidente d’Os Morenos.

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