A vida depois da morte de Brooklyn Nine-Nine

A série cómica, que foi cancelada e ressuscitou pouco depois noutro canal, regressa ao TVSéries para a sexta temporada.

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Brooklyn Nine-Nine: a série que tinha morrido e logo a seguir ressuscitou DR

Em Maio do ano passado, a dez dias do final da quinta temporada, a Fox norte-americana anunciou que Brooklyn Nine-Nine, a série cómica passada numa esquadra de polícia em Brooklyn, não iria voltar para uma nova leva de episódios. No dia a seguir, outro canal, a NBC, apressou-se a ficar com a série. É com esta história pouco comum que a criação de Michael Schur e Dan Goor chega à sexta época, que arranca esta quinta-feira à noite, a partir das 21h30, no TVSéries – os episódios anteriores estão disponíveis no Netflix.

Este não é o único factor a tornar esta nova temporada particular. Em Outubro, Chelsea Peretti, que também é cómica de stand-up – o seu especial One of the Greats está no Netflix e vale a pena – escreveu no Twitter que iria sair da série. Anunciou que a sua personagem, a egocêntrica e absolutamente hilariante Gina Linetti, administradora e assistente do capitão, só ia participar em alguns dos episódios.

Apesar disso, a série mantém-se sólida, sempre a reflectir a aura de decência que tem caracterizado o trabalho de um dos criadores, Michael ​Schur, que é também responsável por The Good Place. É uma série com o seu quê de antigo e de familiar, que lhe vem não só das referências à cultura pop, mas também do conhecimento profundo que quem a faz tem de sitcoms clássicas, passadas num local de trabalho com um grupo de bons actores que parecem uma família. Mas a sensibilidade é contemporânea, sem medo de tratar, no meio de muito absurdo, temas sensíveis como a brutalidade policial, o racismo e o momento #MeToo, de uma forma ponderada e informada.

Gina Linetti deixará saudades, mas quem ficou consegue dar conta do recado. Andy Samberg, que faz de Jake Peralta, é o nome óbvio à volta do qual a série foi construída — trouxe algum do ADN de Brooklyn Nine-Nine à sua apresentação da edição deste ano dos Globos de Ouro. Mas também Andre Braugher, um excelente actor dramático que nos anos 1990 era um dos pontos altos de Departamento de Homicídios e hoje é o estóico Capitão Raymond Holt, uma brilhante criação cómica, Terry Crews, Melissa Fumero, Stephanie Beatriz, Joe Lo Truglio, Dirk Blocker ou Joel McKinnon Miller.

Nesta época de 18 episódios, uma duração mais curta do que o habitual, Jake Peralta e Amy Santiago, as personagens de Samberg e Fumero, acabaram de se casar e o capitão não conseguiu a promoção que desejava. Esses dois fios colidem no primeiro episódio, que tem espaço para referências a Assalto ao Arranha-Céus, um filme pelo qual Peralta é obcecado. No segundo episódio, vai-se ao fundo da história de Scully e Hitchcock, as personagens interpretados por Joel McKinnon Miller e Dirk Blocker, os adoráveis e incompetentes veteranos da esquadra.

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