A França precisou mesmo de Karabatic e o central está a postos

Um dos melhores andebolistas de sempre, a recuperar de lesão, foi chamado a substituir o capitão de equipa no Mundial.

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Antonio Bronic/Reuters

O destino parecia traçado quando, a 19 de Outubro de 2018, Nikola Karabatic se submeteu a uma operação ao pé esquerdo, imposta por uma lesão articular. Com uma estimativa de quatro a seis meses de recuperação, o central francês e um dos maiores andebolistas da história preparava-se para falhar, pela primeira vez na carreira, a presença num Campeonato do Mundo. O cenário mudou há dias quando a federação gaulesa o inscreveu como reserva na competição que actualmente decorre na Alemanha e na Dinamarca e tornou-se ainda mais nítido nesta quarta-feira, ao ser anunciado como substituto do capitão Cédric Sorhaindo.

Não é um render da guarda perfeito, na medida em que o seleccionador de França troca um pivot por um central, mas é indiscutivelmente um líder que se junta à convocatória. Um andebolista com um currículo invejável, que encerra duas medalhas de ouro olímpicas, três títulos europeus e quatro mundiais, um atleta que já conquistou campeonatos na Alemanha, em França e em Espanha. Aos 34 anos, Nikola regressa ao campo para tentar, na companhia do irmão Luka, conduzir os "bleus" a um feito inédito: o tricampeonato do mundo.

"Tenho lido em todo o lado: 'Karabatic, ao resgate'. Mas não venho resgatar nada, nada mesmo. Chego como jogador reserva e, se a equipa precisar de mim, ajudarei, caso contrário, ficarei no meu canto a apoiar a partir da bancada", revelava há dias o jogador do Paris Saint-Germain. Agora, a França precisa mesmo do seu contributo. "Já informei o clube. Ele está apto a competir e todos conhecem a qualidade do Nikola e a sua capacidade para ajudar a equipa", declarou o seleccionador, Didier Dinard, citado pelo site da federação francesa. 

Neste quadro, Nikola Karabatic, que já ganhou também por três vezes a Liga dos Campeões, terá a possibilidade de se estrear no torneio já na quinta-feira, diante da Rússia (20h30), na última jornada do Grupo A, que é liderado pela França. A confirmar-se a sua utilização, o central atingirá nada menos do que a 300.ª internacionalização e poderá alargar o rol de 1181 golos que já apontou com a camisola dos "bleus, desde que se estreou pela equipa nacional, em Novembro de 2002.

É legítimo perguntar por que razão, nesta altura da carreira e depois de já ter vencido tudo o que havia a ganhar no andebol, Nikola decide arriscar um regresso precoce na sequência de uma lesão delicada. A resposta talvez possa ser extraída de uma entrevista que deu ao Libération, em Junho do ano passado. "Em Espanha, alguns jogadores jogam pela selecção e, por outro lado, são a favor da independência da Catalunha. Em França não é assim, mas há pessoas que não têm um sentimento de pertença, que não apoiam a selecção. Não sei a que se deve. Isso é impensável nos Balcãs. Eu nasci na Sérvia, filho de mãe sérvia e pai croata, cresci aqui [mudou-se para França antes dos quatro anos] e sinto-me mais francês que muitos franceses de várias gerações".

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