“Acredito que vá haver um render da guarda este ano”

Apesar das dificuldades, John McEnroe, ex-tenista profissional, aposta nos progressos dos mais jovens.

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Alexander Zverev é um dos tenistas da nova geração com mais potencial Reuters/EDGAR SU

Por um lado, John McEnroe não hesita em apontar um favorito à vitória no Open da Austrália, que hoje começa em Melbourne: “Novak Djokovic tem tido um grande sucesso na Austrália, já venceu por seis vezes, e pela forma como terminou o ano passado é difícil não dizer que é o principal favorito.” Por outro, acredita que, em 2019, iremos ver um tenista mais jovem interromper o domínio de Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer nos torneios do Grand Slam.

“O quadro masculino é mesmo imprevisível. É o primeiro grande torneio da época e é difícil ver como estão os jogadores, por exemplo, Nadal, Murray, Wawrinka… os que têm estado afastados são um ponto de interrogação. E depois há os tipos novos; para mim, um deles vai despontar este ano. Mas a forma como se joga agora, a fisicalidade e a velocidade, parece que é mais difícil do que nunca ganhar um Grand Slam”, afirmou o ex-número um mundial e actual comentador no canal Eurosport, numa entrevista à vários media europeus, incluindo o PÚBLICO, num exclusivo para Portugal.

“Seja o Zverev, ou Khachanov ou Tsitsitipas, não sei agora, mas sim, acredito que haja um render da guarda este ano. É difícil para um jovem lidar com sete encontros, à melhor de cinco sets. É necessário tempo para desenvolver as suas qualidades e também o seu corpo. Por exemplo, no último Roland Garros, Zverev obteve o seu melhor resultado num Grand Slam, mas quando chegou aos quartos-de-final já tinha três vitórias consecutivas no quinto set; o seu corpo não aguenta tanto. Ele tem que aprender a ganhar mais rapidamente para ter mais quando for preciso, nos "quartos", "meias" e finais. Foi por isso que contratou Ivan Lendl, que ganhou muita experiência a treinar com sucesso Andy Murray e também foi jogador”, justificou "Big Mac".

Infelizmente para o ex-campeão norte-americano, não há compatriotas que dêem sinais de poderem imitar os feitos da geração que sucedeu a McEnroe, formada por Pete Sampras, Andre Agassi e Jim Courier. “Vejo alguns deles chegar ao 'top-10', como Frances Tiafoe, Reilly Opelka ou Michael Mmoh, mas ver o novo Pete Sampras, não vejo, pelo menos, nesta altura. Tenho uma academia de ténis em Nova Iorque e vejo o problema do ténis americano: é muito caro, não é suficientemente acessível, não está muito implantado nas escolas… e precisamos de melhores atletas. Os melhores estão a jogar basquetebol, futebol americano ou ‘soccer’”, adiantou.

Quanto à prova feminina, as previsões quanto à vencedora do Open da Austrália são ainda mais difíceis mas há um nome incontornável: Serena Williams. “O quadro feminino é ainda mais imprevisível do que o masculino, mas, mesmo assim, é sempre difícil para mim não escolher Serena. Não sabemos o que se passou desde o US Open, não tem competido mas tem-se treinado. Vai ter muito apoio na Austrália, porque as pessoas querem vê-la e não sabem até quando ela vai continuar, é tão forte mentalmente como qualquer outra e é uma das poucas capazes de estar muito tempo fora e regressar para ganhar um major; é muito raro. As outras são muito imprevisíveis; há cerca de 15 jogadoras que podem triunfar”, afirmou John McEnroe.

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