Um duelo ao sol a meio do caminho para o título

Sporting e FC Porto encerram a primeira volta do campeonato com um clássico arrefecido pela diferença pontual. Bas Dost está de regresso, Pepe está convocado.

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LUSA/HUGO DELGADO

Oito pontos de diferença. Oito pontos que podem converter-se em 11, ser reduzidos a cinco ou manter-se imutáveis. Quando se trata de medir distâncias entre Sporting e FC Porto, estes são os três cenários a equacionar antes do clássico com horário invulgar que coincide com a última jornada da primeira volta do campeonato. Às 15h30, debaixo do sol de Janeiro, quarto e primeiro classificados medem forças em Alvalade, com os “leões” a tentarem reaproximar-se da liderança e os “dragões” a procurarem desenvencilhar-se (de vez?) de um dos rivais, à boleia do 19.º triunfo consecutivo.

O entusiasmo em torno de Marcel Keizer esfriou um pouco nas últimas semanas e, com isso, fez baixar também a temperatura do jogo que é a maior atracção da ronda 17 da Liga. A um arranque avassalador, com sete vitórias seguidas e uma média de 4,2 golos marcados, seguiu-se um período de intermitência, acentuada por duas derrotas fora de casa para o campeonato (V. Guimarães e Tondela). Atendendo ao registo imparável do FC Porto nos últimos meses, o fosso entre os dois candidatos ao título agravou-se de tal forma que o legado de José Peseiro e de Tiago Fernandes ganha hoje um novo enquadramento — deixaram ambos a equipa a dois pontos dos “dragões”.

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O FC Porto chega a este momento de viragem, por isso, com o conforto de saber que, dê por onde der, sairá de Lisboa sempre com uma liderança confortável. E se é verdade que no último clássico (com o Benfica, em Outubro) sofreu um revés, a resposta que tem dado desde então tem sido elucidativa: 18 vitórias sem interrupções, divididas pelas quatro frentes competitivas.

“Trabalhamos diariamente para ganhar o próximo jogo. Vivemos muito o imediato e pensamos sempre no jogo seguinte. Não olhamos para daqui a quatro meses. Depois deste jogo haverá ainda muito ponto para conquistar, por isso não ficamos muito excitados com essa vantagem. Para uma equipa como o FC Porto é normal, não é arrogância. Estamos habituados a estar na frente, por isso não é nada de especial”, sublinhou Sérgio Conceição, treinador dos “dragões”. “Será um jogo importante para o rival, que, se perder, ficará a 11 pontos; para nós também, por podermos aumentar a vantagem para um rival directo”, prosseguiu.

À partida, este não será um palco passível de gerar muitas surpresas nas escolhas, mas é verdade que o técnico do FC Porto já inovou no meio-campo em contextos de exigência acrescida, lançando Sérgio Oliveira ou Óliver no “onze”. A grande interrogação que se levanta nesta altura, porém, prende-se com a utilização (ou não) do recém-chegado Pepe. Como é seu timbre, Sérgio Conceição não abriu o jogo, limitando-se a deixar elogios ao internacional português.

“Encontrei bem o Pepe, com vontade enorme de querer ajudar e motivação que já conhecia. É um jogador muito competitivo e muito sério. A primeira coisa que me disse no balneário foi: ‘Mister, quero competir’”, assinalou. “Se vai ou não jogar, não interessa, essa disponibilidade é o importante”.

Se o central ex-Besiktas alinhar de início, não é de descartar a possibilidade de Éder Militão jogar como lateral direito (posição que não lhe é desconhecida), no lugar de Maxi, assim como é admissível que o FC Porto recorra ao 4x3x3 (que, dependendo das opções, poderá até facilitar o ataque à profundidade) em vez do 4x4x2 apresentado nos encontros mais recentes.

Keizer: “Não é decisivo”

Seja qual for a decisão de Sérgio Conceição, encontrará um Sporting obrigado a resgatar a qualidade de um processo ofensivo alicerçado numa pressão alta e no primeiro e segundo toques para conseguir pôr em sentido o adversário. Algo que faltou na jornada anterior e que faz parte do modelo de jogo de Marcel Keizer, conforme confirmou Fredy Montero, em entrevista ao jornal espanhol Marca. “O esquema táctico mantém-se o mesmo, mas o treinador dá mesmo liberdade a cada jogador quando temos a posse de bola. Pretende que sejamos dinâmicos, jogar a dois toques no máximo e progredir juntos no momento ofensivo”.

A seu favor, o treinador holandês tem o regresso de Bas Dost, fundamental para capitalizar o jogo exterior que a equipa produz; no outro prato da balança estão as ausências de Montero (lesionado) e de Acuña, cujo castigo deverá abrir a porta a Jefferson no lado esquerdo da defesa. No meio-campo, o trio composto por Gudelj, Bruno Fernandes e Wendel não deverá sofrer alterações.

“O resultado não é decisivo, mas precisamos da vitória. É isso que queremos. É um jogo muito importante, frente a uma excelente equipa. O FC Porto está a jogar muito bem e o jogo é importante, mas não é decisivo”, insistiu Keizer, que também foi parco em palavras para descrever o rival. “Têm mais oito pontos do que nós, por isso são os mais fortes neste momento. Também estão a fazer um bom trabalho na Liga dos Campeões e temos muito respeito por eles”.

Com o avançado Luiz Phellype a estrear-se na convocatória, o Sporting está obrigado a manter a tendência da última década frente ao FC Porto, em Alvalade, se quiser tornar o título nacional num objectivo mais nítido. Nas últimas dez épocas no campeonato, os “dragões” só venceram por uma vez no recinto leonino, precisamente em 2008, por 1-2. A avaliar pelos números das duas equipas esta temporada, improvável mesmo é que o encontro termine com o 0-0 da época passada.

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