“Brexit”: Portas considera que UE fica dependente de França com saída do Reino Unido

Ex-ministro foi à Convenção Europa e Liberdades avisar que o mundo se tornou “essencialmente asiático, um mundo do Pacífico e um mundo que já não é eurocêntrico”, o que “não é novo”.

Foto
Paulo Portas avisou que o Brexit pode não ser a última saída da UE LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo vice-primeiro-ministro Paulo Portas considera que, sem o Reino Unido, a União Europeia fica “estritamente dependente” da única potência nuclear, França, em termos do “poder estratégico global”.

“E a Europa, sem o Reino Unido, fica nas mãos, do ponto de vista do poder estratégico global, da dissuasão nuclear francesa. A Europa, sem o Reino Unido, não fica apenas mais continental e menos marítima, a Europa sem o Reino Unido tem uma única potência nuclear militar”, disse Paulo Portas na primeira Convenção da Europa e da Liberdade, organizada pelo Movimento Europa e Liberdade (MEL), em Lisboa.

O também antigo líder do CDS-PP considerou ainda que, “no clube internacional que define os pesos e as medidas da relevância de cada entidade nas relações internacionais de hoje, a Europa, num dos critérios decisivos, fica estritamente dependente da única potência nuclear que sobrará se o Reino Unido sair”.

Num painel sobre “novas realidades europeias e mundiais”, Portas apontou que, apesar da especulação sobre a saída de qualquer país da União Europeia, “ficou esclarecido com o ‘Brexit’ que é muito difícil sair porque o emaranhado de dependências é muito complexo”. “A primeira vez que alguém sai pode não ser a última”, assinalou.

Paulo Portas considerou também que o mundo se tornou “essencialmente asiático, um mundo do Pacífico e um mundo que já não é eurocêntrico”, o que “não é novo”: basta “andar uns séculos para trás”.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e da Administração Interna, Eduardo Cabrita, apresentam esta sexta-feira um plano de contingência no caso de um “Brexit” sem acordo para os cidadãos portugueses residentes no Reino Unido.

O chefe da diplomacia portuguesa tinha já indicado a 3 de Janeiro que o Governo estava a trabalhar “no plano de preparação para o ‘Brexit’, que tem uma componente no caso de uma saída ordenada do Reino Unido com acordo, e tem uma componente de contingência, se a saída for feita sem acordo”, e que este seria anunciado este mês.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários