Portugal quer receber o maior evento LGBTI+ da Europa. E promete mais pessoas que Eurovisão ou Web Summit

Governo vai estar presente na apresentação da candidatura, na próxima semana.

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LUSA/BORIS PEJOVIC

“A nossa candidatura é aberta e quer envolver todo o país, desde Bragança a Faro”, explica ao PÚBLICO Diogo Vieira da Silva, director executivo da Variações – Associação de Comércio e Turismo LGBTI+ de Portugal. A associação, com o apoio da ILGA e do Governo Português, vai entregar na próxima sexta-feira uma carta de intenções para receber o maior evento LGBTI+ da Europa, o Europride, em 2022.

A ideia é criar um roteiro LGBTI+ de dez dias no mês de Setembro em 2022. Segundo o director executivo, o arranque do evento deverá acontecer no Porto, onde será construída uma vila LGBTI+ que vai servir de palco não só para concertos, mas também para conferências e actividades culturais, desde a dança ao teatro. 

O evento termina em Lisboa, que, além de ter uma vila LGBTI+, é onde se vai realizar a marcha EuroPride, “que atrai quase um milhão de pessoas de todo o mundo”, diz Diogo Vieira da Silva. Todos os anos Lisboa se enche de cores em Junho, com milhares de pessoas a celebrar a Marcha de Orgulho LGBTI+. Contudo, se é comum as pessoas se juntarem espontaneamente à festa, a marcha EuroPride vai exigir medidas de segurança. “As pessoas que quiserem marchar terão de fazer uma pré-inscrição. As pessoas que vão na rua podem assistir e acompanhar de fora”, explica.

Além dos eventos em Lisboa e Porto, a associação Variações vai “sondar publicamente autarquias ou organizações para perceber se querem realizar eventos que se enquadrem na dinâmica do Europride”, diz o director. “Lisboa é uma cidade LGBTI+-friendly, mas nós queremos que esta forma de estar chegue ao resto do país”, diz Diogo Vieira, que recorda que em 2018 se realizou a primeira Marcha LGBTI+ em várias zonas do país, como Faro, Guimarães ou Viseu.

A carta e intenções vão ser entregues na próxima sexta-feira à direcção da European Pride Organisers Association, que tem reunião anual em Lisboa entre 18 e 20 de Janeiro. Na entrega vão estar presente as secretárias de Estado do Turismo, da Cultura e para a Cidadania e Igualdade. Para o director, a participação do Governo traz “mais força” à candidatura: “O envolvimento político e governamental, ainda que apenas institucional, mostra que a vontade não é apenas de uma associação. É todo um país que está envolvido nesta afirmação de igualdade.”

Além de ser um gesto de promoção de direitos humanos, Diogo Vieira da Silva defende que o evento proporciona “benefícios económicos reais ao país, uma vez que atrai milhares de pessoas e empresas que querem estar num espaço que defende os direitos humanos”. “O Europride terá mais impacto e vai atrair mais pessoas que a Eurovisão ou que a Web Summit”, acrescenta.

Depois de entregar a carta de intenções, a Variações vai preparar a candidatura para entregar em Setembro ao júri da European Pride Organisers Association.

Em 2007, a edição da EuroPride em Madrid levou mais de 2,5 milhões de visitantes à cidade. Este ano, vai acontecer em Viena, Áustria. Em 2020, em Salónica, Grécia, e em 2021 em Copenhaga, na Dinamarca.

Para receber o EuroPride em 2022, em que se celebra 30 anos da iniciativa, Portugal concorre com Barcelona (Espanha), Maspalomas (ilhas Canárias, também em Espanha) e Belgrado (Sérvia).

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