Polónia detém duas pessoas sob suspeita de espionagem ligada às telecomunicações

Um dos suspeitos é funcionário da sucursal da Huawei, que vários governos ocidentais consideram um braço de espionagem do Governo de Pequim.

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Vários países ocidentais têm apertado o cerco à Huawei EPA/PHILIPP GUELLAND

Os serviços de segurança interna da Polónia detiveram dois homens, ambos com ligações ao sector das telecomunicações, sob suspeita de espionagem, aparentemente a favor de Pequim.

As razões que levaram às detenções estão ainda por apurar. Um dos detidos é um cidadão chinês que trabalha na sucursal polaca do gigante das telecomunicações Huawei, identificado como Wang Weijing. O outro é um polaco, identificado como Piotr D., que trabalhou para os serviços de segurança, e que era agora funcionário da Orange, uma empresa de telecomunicações francesa.

A detenção volta a chamar a atenção para a Huawei, que tem estado no centro de várias controvérsias diplomáticas por causa das suspeitas de que os aparelhos que comercializa podem estar a ser usados pelo Governo chinês para espionagem.

Um porta-voz da Agência de Segurança Interna, Stanislaw Zaryn, explicou que as detenções foram feitas na terça-feira na sequência de uma longa investigação, mas esclareceu que as suspeitas não estão relacionadas com as empresas onde trabalham os dois homens.

Foram efectuadas buscas nas casas dos dois suspeitos e também nos seus locais de trabalho. Um tribunal autorizou a detenção dos dois homens por três meses. Caso sejam considerados culpados pelo crime de espionagem, podem incorrer numa pena que pode chegar aos dez anos de prisão.

A Huawei recusou comentar o caso, mas garantiu, através de um porta-voz, que “cumpre todas as leis e regulamentos aplicáveis nos países onde opera”. A Orange também não fez referência às detenções, mas confirmou que as suas instalações foram alvo de buscas. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês revelou estar “profundamente preocupado” com as detenções.

Telemóveis controversos

Vários países ocidentais acreditam que a Huawei, o maior produtor de equipamento de Telecomunicações do mundo, tem agido em conluio com o Governo chinês como arma de espionagem. Empresas de segurança dizem ter encontrado software instalado em telemóveis da marca com a capacidade de enviar dados pessoais para a China, diz o New York Times.

A lei chinesa determina que as empresas devem “apoiar, cooperar e colaborar com os serviços de informação nacionais”, recorda a BBC.

As dúvidas sobre as condições de segurança dos aparelhos da Huawei têm levado vários países a limitar o raio da acção da empresa. Os Estados Unidos, a Austrália e a Nova Zelândia proibiram o gigante chinês de se envolver no desenvolvimento das suas redes nacionais de 5G.

No início de Dezembro, a administradora financeira da Huawei e filha do seu fundador, Meng Wanzhou, foi presa no Canadá a pedido dos EUA, sob suspeita de ter violado as sanções económicas aplicadas ao Irão. Meng acabou por ser libertada após pagar uma fiança e aguarda a decisão sobre se será extraditada.

Em retaliação, a China deteve dois cidadãos canadianos, um ex-diplomata e um empresário, sob suspeita de colocarem em perigo a “segurança nacional”.

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