Alunos levam gorros, luvas e mantas para Secundária em Leiria

É a escola leiriense que mais necessita de obras profundas mas a Parque Escolar excluiu-a do plano das intervenções feitas no país

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Rui Gaudencio

Por estes dias frios, os alunos da Escola Secundária Afonso Lopes Vieira (ESALV), em Leiria, assistem às aulas de gorro, luvas e mantas no colo. Já os professores leccionam de casaco vestido para combater as baixas temperaturas que se fazem sentir nas salas.

Celeste Frazão, directora da escola, diz que o problema está na falta de isolamento que impede a eficácia do aquecimento, algo que poderia ser resolvido se tivessem sido feitas as obras há muito exigidas.

“Chove em três salas cuja cobertura do tecto é de amianto, as caixilharias são velhas, as janelas não têm qualquer isolamento, há humidade em paredes e tectos. Éramos a escola de Leiria que mais precisava de obras e foi aquela que ficou de fora das intervenções da Parque Escolar, apesar de o projecto ter sido concluído”, revelou a responsável.

Os aquecedores são ligados ainda antes de os estudantes entrarem nas salas de aula, “mas o calor perde-se”. Quando as temperaturas mais descem, a escola gasta, em média, quatro mil euros mensais só em gás e electricidade. “Poderíamos poupar muito mais dinheiro no aquecimento se o Ministério da Educação realizasse obras ao nível das janelas e estores, beneficiando o isolamento dos edifícios”, acrescentou.

Celeste Frazão questiona: “Com uma economia em franca recuperação, onde há investimentos noutros sectores, não se percebe a falta de investimento na Educação, que deveria ser uma pasta prioritária”. Já tinham efectuado um pedido à Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares para que o isolamento, a parte eléctrica e a canalização fossem requalificadas, e já contaram também com a presença de deputados que denunciaram estas condições “mas nada ainda foi feito”, reforçou, sublinhando as dificuldades de concentração que os alunos revelam devido ao frio.

O amianto é outro dos problemas que consta na lista desta escola, que não sofre nenhuma intervenção profunda desde a sua fundação em 1982. O único procedimento efectuado até agora foi a remoção de fibrocimento do Bloco Principal Administrativo (onde também se inserem o bar e a cantina), mas ainda “há três salas onde chove. Se isso acontece, é porque as placas de fibrocimento estão danificadas, o que se torna num perigo”, alertou a directora, ao apontar a humidade no tecto como prova das falhas na estrutura.

Com cerca de mil alunos, a ESALV tem vindo a aumentar o número de estudantes no sentido de dar resposta à redução de turmas financiadas nos colégios com contratos de associação. “Este ano não tínhamos cadeiras nem mesas em número suficiente para os alunos que recebemos”.

Carlos Duarte, vice-presidente da associação de pais, referiu que, após uma reunião realizada na quarta-feira, ficou decidido tomar-se “uma posição mais firme relativamente às necessidades que a escola tem”, e adiantou que a realização de obras de requalificação vai ser requerida às várias entidades da Educação. “Se até finais de Fevereiro não houver qualquer informação relativamente a esse assunto, iremos avançar para acções mais ‘vistosas’”.

O PÚBLICO tentou contactar a empresa Parque Escolar e o Ministério da Educação, mas não obteve quaisquer respostas até ao momento. 

Texto editado por Ana Fernandes

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