Forças de segurança brasileiras contêm onda de violência no Ceará

O estado brasileiro recebeu apoio da Força Nacional, Polícia Rodoviária e Polícia Militar. Foram registados mais de 90 ataques desde quarta-feira.

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Agentes de várias forças de intervenção foram mobilizados para o estado de Ceará EPA/Jarbas Oliveira

A onda de violência no Ceará foi contida depois de mais 500 agentes de várias forças de intervenção terem sido mobilizados para aquele estado do Nordeste do Brasil. O corpo das forças de segurança montou uma operação para tentar refrear os ataques que, desde quarta-feira, destruíram dezenas de veículos, autocarros e prédios, como bancos, delegacias e prefeituras. 

Segundo os meios de comunicação locais, desde quarta-feira registaram-se mais de 90 distúrbios num total de 26 cidades, entre as quais Tinguá, Pacatuba, Horizonte, Maracanaú, Fortaleza, Caucaia, Pindoretama e Eusébio.

"Contamos com um reforço de 300 homens da Força Nacional com 30 viaturas, 100 agentes militares, 50 policiais do Núcleo de Operações Especiais dos Estados e um helicóptero, com duas equipas de apoio aéreo e equipamento de busca nocturna", disse o secretário da Segurança do Ceará, André Costa, ao site de notícias brasileiro G1

Com o reforço das forças de segurança, o número de crimes no estado diminuiu deste a noite de sábado. Em Fortaleza, capital de estado, um posto de observação da Guarda Municipal foi atacado. No município de Barroquinha, dois camiões foram incendiados no pátio da prefeitura. Os autores do crime não foram identificados. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Ceará, foram presas ou detidas 103 pessoas desde a madrugada de quarta-feira.

Em Caucaia, uma bomba explodiu perto de uma coluna de um viaduto e vários ataques do mesmo tipo foram registados noutros estados. Os autocarros deixaram de circular em várias cidades e o comércio local também se encontrava parado até este sábado.

Na origem dos confrontos está o reforço das medidas de segurança que o novo secretário da Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque, quer pôr em prática nas prisões do estado. A polícia tem vindo a apreender drogas e armas, além de encaminhar suspeitos de crimes para as esquadras. Com os ataques, os gangues esperam que as forças de segurança recuem nas futuras medidas.

Na quarta-feira, durante o seu discurso de tomada de posse, Luís Mauro Albuquerque afirmou que a divisão dos reclusos nas prisões iria ser feita de maneira diferente. Até agora, os presos eram divididos conforme as suas ligações a organizações criminosas. O secretário da Administração Penitenciária​ está contra a utilização deste método, dizendo que não reconhece grupos criminosos. "O Estado não deve reconhecer facções, lei não reconhece facções. O preso está sob a tutela do estado e quem manda é o estado".

Outra das medidas do novo governante será diminuir a presença de telemóveis ou dispositivos semelhantes dentro das prisões. "Se tiver celular lá dentro, a gente vai buscar, mas nossa prioridade é evitar que os celulares entrem", disse. Poucas horas depois do discurso de Albuquerque começaram os primeiros ataques a edifícios na capital de estado.

Num balanço dos últimos cinco dias, as autoridades afirmam que já há negócios a reabrir depois da intervenção das forças policiais. 

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