Benfica sem Vitória também foi assobiado mas acabou aplaudido

Rio Ave esteve a ganhar por dois no Estádio da Luz, antes de os “encarnados”, com o interino Bruno Lage no banco, darem a volta ao resultado. João Félix e Seferovic dividiram os golos entre si.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

Se o Benfica pensa em Bruno Lage para ser o treinador da equipa principal e não apenas um interino, não sabemos (e nem o próprio sabe dizer por quanto tempo), mas, em três dias, o substituto de Rui Vitória já teve o mérito de “inventar” uma dupla goleadora que deu frutos imediatos. Neste domingo, na Luz, e sem poder contar com Jonas, Lage emparelhou Seferovic com João Félix e teve dois golos de cada um no triunfo de reviravolta dos “encarnados” por 4-2 sobre o Rio Ave. Esteve longe de ser uma vitória perfeita, até porque os vila-condenses estiveram em vantagem por dois golos e ainda causaram mais alguns sustos ao longo do jogo, mas os “encarnados”, ao contrário do que acontecera em Portimão, tiveram o mérito de reagir à adversidade quase de imediato e ignorar os assobios que ainda se ouviram.

No final, Lage iria deixar algumas palavras simpáticas a Rui Vitória, ao seu trabalho e aos títulos que conquistou em três anos e meio, de alguma forma partilhando os louros do triunfo, mas houve algumas diferenças em relação ao que o Benfica tinha sido nos últimos tempos, a começar pelo sistema táctico, um 4x4x2 de tracção à frente, em vez do 4x3x3. Não tinha à disposição o goleador do costume, mas meteu as fichas num suíço que não é consensual e num miúdo de 19 anos. O entendimento entre ambos seria perfeito, mas, até isso acontecer, o Benfica passou por um mau bocado por causa dos mesmos pecados defensivos que tramaram Rui Vitória poucos dias antes.

O Benfica dos primeiros minutos parecia bem encaminhado para a retoma, pressionante e dinâmico, com duas boas oportunidades (Cervi aos 7’ e Félix aos 15’), ambas negadas pelo guarda-redes Leo Jardim. Mas foi a equipa de Daniel Ramos, também ele um treinador em estreia, a primeira a ser feliz. E só precisou de chegar à área contrária uma vez. Aos 17’, Vinícius recebeu a bola dentro da área, conseguiu guardá-la entre cinco defesas adversários e meteu-a para Galeno, que fez o cruzamento junto à linha de fundo e em direcção à pequena área. Gabriezinho foi rápido a chegar e fez o 0-1. Os primeiros assobios que se ouviram subiram de tom aos 20’, quando Bruno Moreira fez o 0-2 num bom cabeceamento após cruzamento de Matheus Reis. Culpas repartidas por André Almeida, que deixou a bola chegar à área, por Rúben Dias, que se deixou antecipar, e por Vlachodimos, que se saiu mal ao cruzamento.

A estreia de Lage parecia transformar-se, de repente, num filme de terror, mas essa sensação desvaneceu-se um bocadinho quando Seferovic fez o 1-2, aos 27’. Grimaldo cruzou, João Félix deixou passar e o suíço, após manobrar entre os centrais vila-condenses, marcou o seu primeiro do jogo. Logo a seguir, aos 31’, os ventos de retoma foram ainda mais fortes, com Seferovic a ganhar na raça um lance perto da linha de fundo, deixando depois para Félix fazer o golo do empate. A reviravolta estava lançada e podia ter sido logo alcançada num lance fantástico de Grimaldo aos 48’, em que o espanhol fintou meia equipa do Rio Ave e, frente a Leo Jardim, acertou no poste.

O jogo podia perfeitamente ter caído para o outro lado, porque o Rio Ave, ainda com o marcador nivelado, teve várias bolas de golo, mas foi prejudicado por finalizações deficientes de Galeno (57’), Nadjack (60’) e Moreira (63’). Félix, por seu lado, voltaria a acertar no alvo aos 64’, numa finalização perfeita após cruzamento de Zivkovic (que começara no banco), e Seferovic também aumentou a sua marca no jogo aos 70’, num contra-ataque lançado por Pizzi logo após mais uma bola de golo do Rio Ave, a fechar uma vitória no primeiro jogo do Benfica sem Vitória. E Lage talvez já esteja na lista para a sucessão, mas o carrossel dos nomes (Mourinho? Jesus? Castro?) ainda agora começou.

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