Duas maçãs ímpares

Assevero à Maria João que me lembro desta maçã dos anos 50. Como é que deixaram desaparecer esta maravilha?

Raúl Rodrigues mandou-me as melhores maçãs que já tive a felicidade de comer: Porta da Loja. Ele é professor da Escola Agrária de Ponte de Lima. É também um herói. Vale mesmo a pena ler o texto de Sónia Santos Pereira na Vida Rural. Em dez anos ele identificou e plantou mais de cem variedades regionais de macieiras do Minho, salvando muitas da extinção e conseguindo promovê-las ao ponto de esgotar algumas e aumentar o preço de maneira a compensar os produtores.

Para fazer este levantamento percorreu o Minho, falando com quem era preciso, socorrendo tanto as maçãs como as sabedorias. E sabem o que vai fazer a seguir: fazer o mesmo com as peras. Se isto não é heróico então não compreendo o sentido da palavra.

Se o Minho tem centenas quantas outras macieiras regionais correm perigo ou já desapareceram? Raúl Rodrigues tem razão: basta comer uma maçã Porta da Loja para já não querer outra coisa.

Eis senão quando provo uma maçã linda, listada de amarelo, parecida com um pêssego rosa, com relevo na pele. É magnífica. Foi cultivada em sistema bio nas Azenhas do Mar por José Sequeira. Que delícia! E que saudade! Assevero à Maria João que me lembro desta maçã dos anos 50. Como é que deixaram desaparecer esta maravilha?

Descubro depois que a maçã é Jonagored, uma mutação da Jonagold que nasceu em Nova Iorque no ano de 1968. Mas também não foi por isso que perdeu delícia.

Como prémio de consolação descarreguei um maneirinho PDF feito por eles sobre como produzir macieiras bio. E pronto.

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