Manifestação dos "coletes amarelos" faz regressar violência às ruas de Paris

Os manifestantes atearam chamas, incendiaram automóveis, atacaram polícias e derrubaram o portão do ministério do porta-voz do Governo.

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Os protestos deram origem a confrontos com a polícia LUSA/IAN LANGSDON
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Manifestantes perto da Opera, em Paris IAN LANGSDON
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A manifestação dos "coletes amarelos" em Paris começou este sábado de forma pacífica, mas acabou por dar origem durante a tarde a situações de violência e confrontos com as autoridades.

Os manifestantes atearam chamas, incendiaram automóveis, e lançaram garrafas, pedras e outros objectos contra polícias, que responderam com granadas de gás lacrimogéneo. As autoridades tinham mobilizado um dispositivo policial menor do que em protestos anteriores, mas a força de intervenção acabou por ser chamada a actuar, descreveram a imprensa francesa e as agências internacionais.

Os "coletes amarelos" – cujos protestos são motivados pelo aumento do custo de vida e que contestam as políticas do Presidente Emmanuel Macron – chegaram este sábado às ruas com o objectivo de relançar o movimento, que tem estado a perder força

Neste chamado “acto VIII”, (por ser o oitavo fim de semana de protestos), os protestos reuniram cerca de 50 mil manifestantes nas ruas em todo o país, de acordo com declarações do ministro do Interior, Christophe Castaner, à AFP​. É um valor que fica muito longe dos 282 mil que se manifestaram a 17 de Novembro, o primeiro dia de protestos. Rouen, Bordéus, Beuavais, Saint-Malo, Marselha e Avignon foram algumas das cidades em que os manifestantes saíram às ruas.

Em Paris, de acordo com a estação televisiva BFM TV, um grupo usou um veículo de construção civil que estava na rua para derrubar o portão do ministério do porta-voz do Governo francês, o ministro Benjamin Griveaux. Na sequência da invasão, Griveaux e funcionários do ministério tiveram de ser retirados do local. 

Ao final da tarde, Macron recorreu ao Twitter para condenar as manifestações. "Os que cometem estes actos esquecem-se do cerne do nosso pacto cívico. Justiça será feita. Todos devem juntar-se para trazer o debate e o diálogo", escreveu o Presidente francês.

"Todos os sábados"

Na Avenida dos Campos Elísios, cerca de um milhar de “coletes amarelos” esteve reunido numa espécie de assembleia-geral, junto ao Arco do Triunfo. “Vamos manifestar-nos aqui todos os sábados, durante todo o ano de 2019”, prometia Sophie, de megafone em punho. “Vamos fazer com que os cidadãos possam conquistar o poder.”

Os manifestantes gritavam insultos contra o Governo, os políticos e também contra os principais meios de comunicação social franceses. “Sejam mais espertos do que eles, afastem-se da polícia", gritava esta manhã Élisabeth, vinda de La Somme, no Norte de França. Tal como outros, tentava organizar uma das manifestações autorizadas em Paris do movimento dos “coletes amarelos” em Paris, que partiu dos Campos Elísios rumo à Bolsa. 

Do lado da polícia, as medidas de segurança tinham sido suavizadas, por comparação com os dias de maior tensão. As lojas e restaurantes estavam abertos e os parisienses faziam a sua vida normal entre os protestos que, entretanto, já se tornaram habituais.

"Paris e os seus arredores não compreendem as nossas dificuldades. Sempre que venho aqui para me manifestar tento dizer às pessoas que estamos na rua por todas as classes sociais", explicou Élisabeth.

Durante a manhã não tinha havido incidentes de maior. A manifestação dos Campos Elísios chegou à Bolsa de Paris, mas ao contrário do que seria de esperar, o maior alvo de vaias não foi a alta finança francesa, mas sim a sede da agência noticiosa AFP, que se encontra também na praça. Aqui, os manifestantes gritaram insultos e pediram aos jornalistas que descessem.

Na semana passada, vários “coletes amarelos” manifestaram-se em frente às sedes da BFM TV e da France Televisions, a televisão pública francesa.

"Eu quero que os jornalistas desçam para mostrar a sua coragem. Queremos que eles digam a verdade sobre o que se passa. A Agence France Presse não diz a verdade, é a favor do Governo e trafica informações", disse à agência Lusa Arnaud, colete amarelo vindo de Fontainebleu.

Arnaud, tal como outros coletes amarelos, afirma que as notícias veiculadas pelos meios de comunicação em França são "filtradas pelo Governo" e que o movimento dos “coletes amarelos” é mostrado como "um bando de anti-semitas e de extremistas de esquerda e de direita". 

"O Governo faz tudo para nos descredibilizar face aos franceses e no estrangeiro. Se os meios de comunicação fizessem o seu trabalho, estavam aqui na rua connosco, mas temos jornalistas que são abertamente a favor do Governo", disse ainda Arnaud.

Esta é uma jornada de teste para o movimento dos coletes amarelos que tem vindo a perder fôlego nas últimas semanas e também popularidade, devido à violência demonstrada nas manifestações de Novembro e Dezembro, não só em Paris, mas um pouco por toda a França. 

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