A Palavra do Ano é "enfermeiro"

Esta é a décima edição da iniciativa promovida pela Porto Editora que já escolheu palavras como "esmiuçar" (em 2009), "vuvuzela" (2010), "austeridade" (2011), "entroikado" (2012), "bombeiro" (2013), "corrupção" (2014), "refugiado" (2015), "geringonça" (2016) e "incêndios" (2017).

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NUNO FERREIRA SANTOS

"Enfermeiro" é a palavra escolhida por aqueles que votaram na décima edição do evento Palavra do Ano promovido pela Porto Editora. Recebeu 37,8% dos 226 mil votos totais, e discutiu a primeira posição directamente com "professor", que foi a opção de 33,4% dos votantes. Em terceiro, já muito distante das duas primeiras, ficou "toupeira" (10,6%).

Estava num grupo de dez candidatas que incluíam também:

  • "assédio" porque "movimentos como o 'Me Too' colocaram o tema do assédio sexual na agenda, com vários casos envolvendo figuras públicas", diz a Porto Editora em comunicado;
  • "especulação" porque "a especulação imobiliária atingiu níveis alarmantes nas grandes cidades e gerou um grande debate, nomeadamente sobre a polémica 'taxa Robles'";
  • "extremismo" porque "são cada vez mais frequentes as manifestações de intolerância e radicalismo, nomeadamente no espaço europeu, o que justifica uma crescente preocupação";
  • "paiol" porque "o caso do desaparecimento das armas do paiol de Tancos conheceu desenvolvimentos surpreendentes ao longo do ano, estando ainda por esclarecer completamente";
  • "populismo" porque "o discurso marcadamente populista tomou de assalto o debate público um pouco por todo o mundo, alimentando o surgimento de movimentos e líderes políticos que já conquistaram o poder em vários países";
  • "privacidade" porque "o Regulamento Geral de Protecção de Dados entrou em vigor em Maio de 2018 com uma série de novas medidas para defesa da privacidade dos cidadãos, na relação com empresas e instituições públicas ou privadas";
  • "professor" porque "os professores continuam a lutar pela contabilização da totalidade do tempo de serviço prestado durante o congelamento de carreiras";
  • "sexismo" porque "esta forma de discriminação de pessoas ou grupos com base no seu sexo tem vindo a ser crescentemente denunciada, com vários casos mediáticos a alimentarem a discussão pública e a condenação social";
  • e "toupeira" por causa da "suspeita de que um clube de futebol nacional [o Benfica] dispunha de uma rede de informadores no interior do sistema de justiça pôs em marcha a chamada 'Operação e-toupeira'".

"Enfermeiro" foi inscrito na lista final porque, ainda segundo o comunicado da casa de edição, estes profissionais "reclamam aumentos salariais, uma progressão mais rápida na carreira e a contratação de mais profissionais".

A lista, segundo a Porto Editora, resulta do acompanhamento da realidade da língua portuguesa, levado a cabo por este grupo editorial e pela análise de frequência e distribuição de uso das palavras e do relevo que elas alcançam, tanto nos meios de comunicação e redes sociais como nas consultas online dos dicionários da Porto Editora através da Infopédia.

As sugestões dos portugueses através do site www.palavradoano.pt também contam. À agência Lusa, Paulo Rebelo Gonçalves, da Porto Editora, qualificou a participação como "verdadeiramente histórica", com 226 mil votos validados contra os 30 mil votos do ano passado.

O anúncio oficial da Palavra do Ano aconteceu no Porto, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, numa sessão aberta ao público, e que teve como convidados especiais o escritor Valter Hugo Mãe, a professora universitária Felisbela Lopes e o radialista Fernando Alvim.

Na edição do ano passado, a Palavra do Ano escolhida foi "incêndios", recebendo 37% dos votos dos 30 mil portugueses que participaram na escolha. Em segundo e terceiro lugares ficaram “afecto” (20%) e “floresta” (14%), respectivamente.

Nos anos anteriores foram escolhidas: "esmiuçar" (em 2009), "vuvuzela" (2010), "austeridade" (2011), "entroikado" (2012), "bombeiro" (2013), "corrupção" (2014), "refugiado" (2015) e "geringonça" (2016).

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