Dados de políticos alemães publicados online

Ministério da Justiça classifica ataque como "grave" e tendo como objetivo "minar a confiança nas instituições democráticas". A chanceler, Angela Merkel, não foi afectada.

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O ataque visou deputados de vários parlamentos, desde os dos estados federados ao Parlamento Europeu CLEMENS BILAN/EPA

Os dados privados de vários políticos e figuras públicas alemãs, como números de telefone ou de cartão de crédito, foram divulgados online, num ataque informático que se suspeita ter sido levado a cabo por apenas uma pessoa, provavelmente de extrema-direita.

Segundo o Governo, não houve divulgação de quaisquer dados da chancelaria nem da chanceler, Angela Merkel, assim como do Exército. Os media alemães dizem que foram afectados políticos de todos os partidos, excepto o partido de direita radical AfD (Alternativa para a Alemanha). 

“Foram publicados online dados pessoais e documentos pertencentes a centenas de políticos e figuras públicas”, disse a porta-voz Martina Fietz numa conferência de imprensa, sublinhando que a informação publicada era apenas pessoal, e que entre ela poderá haver dados falsificados.

A ministra da Justiça, Katarina Barley (SPD), disse que este foi um "ataque grave". "As pessoas por trás deste ataque querem minar a confiança na nossa democracia e nas nossas instituições", disse.

Foram afectados políticos de todos os níveis, desde os parlamentos dos estados federados, ao Bundestag (Parlamento nacional) e do Parlamento Europeu, diz a emissora pública de televisão ARD, que divulgou primeiro a notícia.

Entre as figuras públicas, o primeiro a ser visado foi o comediante Jan Böhmermann (mais conhecido pela polémica com um poema contra Erdogan com que testou os limites da sátira), que em Maio promoveu a criação de um "exército anti-trolls" para espalhar "amor e razão" em resposta ao discurso de ódio da extrema-direita. 

Especula-se que o autor seja “do espectro de direita”, como disse Markus Beckedahl, director do netzpolitik.org, um blogue dedicado a direitos e cultura digitais.

O último grande ataque informático a políticos alemães tinha ocorrido em 2015, quando o Parlamento alemão foi o alvo. Dessa vez, suspeita-se que o grupo foi o mesmo que organizou o ataque ao Comité Nacional Democrata nos EUA, com e-mails que acabaram divulgados pela plataforma Wikileaks.

No caso alemão, não houve, no entanto, divulgação de quaisquer dados. Há quem explique isso com a menor probabilidade de encontrar algo interessante nas comunicações electrónicas na Alemanha, onde a cultura de comunicação digital é muito menor e as suspeitas de potenciais invasões de privacidade muito maiores.

“O meu trabalho é ler estes documentos [do Parlamento]”, comentou então Annegret Bendiek, do Instituto Alemão para Questões Internacionais e de Segurança, ao diário norte-americano Washington Post. “Nem imaginam. São tão chatos.”

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