Cibercriminosos tentam extorsão com seguros do 11 de Setembro

Grupo exige pagamento em bitcoins para não divulgar o que diz ser milhares de ficheiros comprometedores para empresas e autoridades.

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Os atacantes ameaçam divulgar gradualmente a informação Reuters/KACPER PEMPEL

Um grupo de hackers que terá sido responsável por roubos de informação mediáticos nos anos recentes afirma ter documentos sobre seguros e litígios legais relativos ao 11 de Setembro – e está a exigir dinheiro às partes envolvidas para não os revelar. 

Os cibercriminosos, que se chamam a si próprios The Dark Overlord, dizem ter roubado milhares de ficheiros das seguradoras Hiscox e Lloyd’s of London, bem como de várias firmas de advogados, incluindo emails, mensagens de voz e contratos. Os hackers afirmam que o conjunto de documentos é problemáticos para os visados e que também vai explicar algumas das teorias de conspirações que circulam sobre o ataque que derrubou as Torres Gémeas. 

Em declarações à imprensa americana, a Hiscox já reconheceu a fuga de informação e disse estar a trabalhar com as autoridades. Afirmou ainda que o ataque foi feito a uma empresa de serviços jurídicos com a qual trabalhava e não à sua própria infra-estrutura.

O nome do grupo é o mesmo adoptado pelos hackers que em 2017 atacaram o canal americano HBO, divulgando detalhes do guiões e episódios inteiros de séries populares.

No final de Dezembro, os atacantes abriram uma conta no Twitter para divulgar os ficheiros do novo ataque, fazer ameaças às empresas e entidades públicas, e exigir pagamentos múltiplas vezes. Os criminosos pretendem ser pagos em bitcoins, a conhecida criptomoeda, cujo valor se afundou drasticamente ao longo do último ano. A conta foi entretanto suspensa pela rede social. 

Num longo texto publicado online, o grupo faz o mesmo tipo de ameaças e exigências, e também escreve vários parágrafos de autopromoção, que incluem os endereços online de artigos publicados sobre eles e até instruções para a imprensa. Também se mostram disponíveis para vender os documentos a “organizações terroristas” como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda.

“Se for uma das dezenas de firmas de solicitadoria envolvidas na litigância, um político envolvido no caso, uma força de autoridade que esteve envolvida nas investigações, uma empresa de gestão de imobiliário, um banco de investimento, um cliente de um cliente, uma referência de uma referência, uma seguradora global, ou quem quer que seja, é convidado a contactar-nos através do nosso email em baixo e pedir formalmente para ter os seus documentos removidos de uma eventual divulgação pública dos materiais. Contudo, terá de nos pagar”, lê-se na mensagem.

O texto afirma que o conteúdo dos ficheiros será mais relevante do que a informação divulgada por Edward Snowden, o informático que trabalhava para a Agência Nacional de Segurança dos EUA e que abandonou o país para divulgar a existência de mecanismos de vigilância em larga escala, naquele que foi o maior escândalo do género.

Os criminosos já disponibilizaram os documentos relativos ao 11 de Setembro para quem os queira descarregar – mas estes estão encriptados. O grupo está a ameaçar divulgar gradualmente as chaves necessárias para os desencriptar, afirmando que deixará a informação mais comprometedora para o final. Por ora, foi divulgada alguma correspondência de pouca importância.

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