Cartas ao director

Estudos académicos publicados em inglês

Leio o artigo de Susana Peralta intitulado “2019 – um ano perigoso”, no PÚBLICO de  23 de Dezembro. Esta senhora é professora de economia na Nova SBE. SBE o que é? School of business and economics, esclareço eu. Esta professora cita o estudo de três economistas portugueses intitulado “Collateral danages...” e um artigo de outros economistas portugueses “job polarisation...”. Nem o estudo nem o artigo mencionam as editoras e os locais de edição.

A investigação dos economistas portugueses é publicada em inglês sem tradução em português. Não há capacidade universitária para uma edição bilingue. Esta circunstância mostra bem o elitismo universitário e o desprezo pelo público que se interessa por temas económicos. Trata-se também de uma colonização mental e cultural dos nossos investigadores e instituições perante o domínio tecnológico e científico da língua inglesa.

As universidades portuguesas têm imprensa própria mas não há notícia da repercussão pública da sua actividade editorial. Doutoramentos, mestrados pós-graduações servem apenas para a burocrática progressão curricular e jazem engavetados nas catacumbas das faculdades. Que faculdade ou universidade edita uma revista cultural, de ciências sociais ou uma revista científica? Um deserto cultural em tempo de globalização informática.

Peço à Nova SBE (Carcavelos) como cidadão interessado em economia que traduza e divulgue em português os estudos acima citados.

José Raimundo Correia de Almeida, Santo António dos Cavaleiros

Mensagem de Natal

A mensagem de Natal do primeiro-ministro, também foi o tiro de partida do PS para as campanhas eleitorais de 2019. António Costa disse que não se ilude com os números. Vai-nos iludindo (enganando) despejando milhões de euros na banca… Afinal, há dinheiro! Esperávamos soluções, ouvimos intenções. Foi poucochinho. Falou da necessidade de cativar os jovens, os mais instruídos de que há memória, em cá permanecer. Porém o Observatório da Emigração revela que têm emigrado 90.000 pessoas/ano. Referiu a pobreza e as assimetrias, mas o seu governo tem sido incapaz de taxar as fortunas multimilionárias ou acabar com as rendas obscenas das PPP, ficando enleado numa contradição. As questões sociais/funções sociais do Estado estão em declínio, sendo inaceitável o governo ser tão ortodoxo em querer alcançar um défice zero(!). Elencou o desafio demográfico com uma das prioridades, dizendo que não se resolve só com a emigração, sendo necessário oferecer condições aos jovens para se realizarem profissionalmente. O diagnóstico é assertivo, mas… a retórica está desfasada! O emprego é precário e os salários são (sobretudo) míseros. Assim, não há condições para fixar jovens. A legislação do trabalho estimula a precariedade, desregula os horários e não promove a contratação colectiva. Fica-lhe mal sr. António Costa imprimir ao seu discurso uma dinâmica de medo, falando em retrocesso. Isso era a cíclica narrativa passadista do malquisto desgoverno anterior…

Vítor Colaço Santos, Areias 

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