Tsunami na Indonésia matou pelo menos 429 pessoas, e o vulcão continua a rugir

Cães pisteiros, drones e maquinaria pesada estão a ser usados para procurar vítimas soterradas, e há milhares e pessoas em abrigos. Continua a não ser seguro ir para as zonas costeiras, porque pode haver novos tsunamis.

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Moradores numa zona atingida em em Banten ADI WEDA/EPA
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Destruição provocada pelo tsunami em Banten ADI WEDA/EPA
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Vista geral da destruição numa rua ADI WEDA/EPA

Estão a ser usados drones e cães farejadores para procurar vítimas soterradas, e o último balanço feito pelas autoridades é de que pelo menos 429 pessoas tenham morrido por causa do tsunami que atingiu a Indonésia no sábado. Há ainda 1485 feridos e 154 desaparecidos, mas é provável que estes números venham a aumentar.

As buscas por sobreviventes continuam até ao final desta semana, ainda que as autoridades locais admitam que a probabilidade de encontrar alguém com vida é “diminuta”. 

O vulcão Anak Krakatau continua a expelir grossas nuvens de cinza. Foi o colapso de uma parede lateral do vulcão, provocando um deslizamento de terras, que tenha estado na origem do tsunami que atingiu as ilhas de Java e Samatra.

Na segunda-feira, as autoridades indonésias confirmaram que este foi o mecanismo que criou as ondas destruidoras. A agência meteorológica diz que uma área de cerca de 64 hectares, o equivalente a 90 campos de futebol, tinha colapsado e caído no fundo do mar.

Os socorristas estão a usar máquinas pesadas, cães pisteiros e câmaras especiais para detectar e desenterrar corpos soterrados pela força devastadora das águas e das lamas que arrastam ao longo de uma faixa de 100 km na costa ocidental de Java, diz a Reuters.

A destruição é bem visível ao longo da costa, onde ondas de dois metros esmagaram veículos, deitaram árvores abaixo, ergueram grandes pedaços de metal, vigas de madeira e arrastaram móveis e objectos que estavam nas habitações e deixaram-nos espalhados nas estradas e nos arrozais.

A busca deverá em breve ser estendida mais para Sul. “Há vários locais que pensávamos que não tinham sido afectados, mas estamos a chegar a zonas cada vez mais remotas, e na verdade há muito mais vítimas”, disse Yusuf Latif, porta-voz da agência nacional de protecção civil indonésia, citado pela Reuters.

As autoridades não descartam a possibilidade de haver novos tsunamis. “Uma vez que o Anak Krakatau entrou em actividade, não é de excluir essa possibilidade”, disse à Reuters Hermann Fritz, geólogo do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA.

Mantém-se por isso o aviso para que os habitantes não regressem à costa, e há milhares de pessoas em tendas e abrigos temporários, que funcionam em mesquitas ou escolas, por exemplo. “Está toda a gente em pânico”, disse um responsável municipal na cidade de Labuan, Atmadja Suhara, que está a ajudar a tomar conta de 4000 refugiados.

A Indonésia está numa zona de especial actividade sísmica, mas como este tsunami não foi precedido por um tremor de terra significativo, não houve alerta, porque os sistemas de aviso dependem da detecção de actividade sísmica. As autoridades chegaram a confundir inicialmente o tsunami com uma maré crescente e chegaram a apelar à população que não entrasse em pânico.

O pior tsunami na Indonésia aconteceu em 26 de Dezembro de 2004, após um gigantesco sismo de 9,1 na escala de Richter, com epicentro em Aceh, que afectou uma vasta área do Sudeste asiático. Causou cerca de 230 mil mortes numa dezena de países banhados pelo Oceano Índico, dos quais 168 mil em território indonésio.

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