Despachemo-lo
Despachemos o Inverno nos primeiros meses de 2019 para depois podermos gozar o resto do ano. Aproveita, Brasil!
Ontem o Shabbat veio dois minutos mais tarde do que o da semana passada. Isto significa que se acabaram os dias cada vez mais curtos. É a consolação do Inverno: a partir de agora são as noites que vão ficando mais curtas.
O mundo é uma bola com defeito de fabrico. Se fosse para jogar futebol mandavam-na logo para trás. Mas os pólos achatados - acha o mundo - tornam-no interessante, como teima o dandy cinquentão achando que os dois pneus na barriga humanizam o deus, tornando-o mais atraente aos olhos dos mortais.
Está agora a começar o Verão no Brasil. O Verão, como todas as estações, é uma bola de praia da Nivea que não pertence a ninguém. Há seis meses éramos nós que a agarrávamos, todos contentes, com noventa dias de Verão pela frente.
Calhou-nos agora a bola que ninguém quer. Mas os brasileiros que não se riam muito: guardado está o bocado para quem o há-de comer. As bolas sazonais são como aqueles relógios que têm a lata de anunciar que ninguém é proprietário de um relógio daqueles - apenas toma conta dele para que passe para a geração seguinte.
A bola do Inverno, molhada e fria, escorrega nas mãos, enregelando-as. Mas daqui a três (admitidamente longos) meses será passada para as mãos da próxima vítima.
Já a nossa próxima bola será a da Primavera. Ou seja: a bola brasileira já esteve mais longe. Agora está apenas a seis meses de distância - e três deles são bastante bons.
Despachemos o Inverno nos primeiros meses de 2019 para depois podermos gozar o resto do ano. Aproveita, Brasil!