Protestos contra o Governo geram confrontos entre manifestantes e a polícia em Barcelona

Milhares de catalães estão nas ruas a protestar contra realização de Conselho de Ministros na cidade e chegaram a cortar uma auto-estrada. Dez pessoas foram detidas.

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A presença do Governo espanhol esta sexta-feira em Barcelona, para um Conselho de Ministros, atraiu milhares de catalães pró-independência para as ruas, para protestar. Às primeiras horas da manhã houve confrontos entre manifestantes e os Mossos d’Esquadra, nas zonas de Drassanes e nas Ramblas, e constrangimentos em cerca de 40 estradas, com destaque para o corte da auto-estrada AP-7. Até ao momento foram detidas dez pessoas.

Os primeiros desacatos no centro da cidade condal começaram ainda antes do início da reunião do executivo de Pedro Sánchez, marcada para as 10h (menos uma em Portugal continental). Dezenas de manifestantes, a maioria pertencentes aos Comités de Defesa da República (CDR) – grupos de cidadãos independentistas, formados nos meses anteriores ao referendo de Outubro de 2017, que organizam diversos protestos de desobediência civil – tentaram furar o cordão policial montado nas imediações da Llotja de Mar, onde se realiza o Conselho de Ministros.

Para além disso, diversos manifestantes de cara tapada lançaram pedras e outros objectos contra as forças de segurança, que responderam com cargas. Segundo os Mossos, um dos detidos trazia consigo material para fabricar cocktails molotov.

Num outro ponto de Barcelona, cerca de 300 pessoas cortaram um troço da AP-7, nos dois sentidos, recorrendo a pneus e sentando-se no chão, para impedir os carros de passar. Antes, tinham feito uma marcha lenta num dos acessos à auto-estrada que corre a Norte da cidade. Acabaram por estacionar aí os veículos e seguiram a pé para cortar a estrada.

Em Barcelona para oferecer uma imagem reconciliadora com a Catalunha, Sánchez e os seus ministros estão, no entanto, a ser recebidos num ambiente de profunda contestação, que nem o encontro de quinta-feira, entre o presidente do Governo e o presidente do executivo catalão Quim Torra, ajudou a suavizar.

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As duas partes têm entendimentos distintos sobre as acusações que enfrentam 18 políticos catalães, entre as quais “rebelião”, “desvio de fundos públicos” e “desobediência”, pelo seu envolvimento no processo que levou ao referendo soberanista e à declaração de independência em Outubro do ano passado.

Os independentistas vêem nestes casos uma perseguição política e esperavam um gesto de boa vontade de Sánchez quando o ajudaram a derrubar o Governo de Rajoy, em Junho. Que não aconteceu. E, por isso, o diálogo reduziu-se ao mínimo.

Mas os dois líderes assumiram agora que é urgente “potenciar os espaços de diálogo” entre Barcelona e Madrid, para se “atender às necessidades da sociedade” e se “avançar com uma resposta democrática às exigências da cidadania da Catalunha”.

“[As partes] coincidem sobre a existência de um conflito sobre o futuro da Catalunha. Apesar de manterem divergências consideráveis sobre a sua origem, natureza ou vias de resolução, compartem a sua aposta por um diálogo efectivo, que veicule uma proposta política que conte com um apoio amplo da sociedade catalã”, defenderam, através de um comunicado conjunto.

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