Jornalista da Der Spiegel que inventou reportagens será obrigado a devolver prémios

Claas Relotius já enviou uma mensagem aos organizadores do prémio Jornalista do Ano na Alemanha a pedir desculpa pelo sucedido e anunciar que ia devolver todos os galardões.

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O repórter terá de devolver os dois prémios atribuídos pela CNN que recebeu LUSA/GERT KRAUTBAUER

O jornalista e editor do Der Spiegel, vencedor de vários prémios, que admitiu ter forjado diversas histórias ao longo de vários anos, vai ser obrigado a devolver alguns dos prémios que ganhou durante a carreira e várias outras distinções vão ser-lhe retiradas.

É o caso dos dois prémios de jornalista do ano atribuídos pela CNN, que Claas Relotius ganhou ao longo da sua carreira. De acordo com o Guardian, pelo menos outra entidade germânica anunciou que ia seguir o exemplo do canal de televisão norte-americano.

Desde quarta-feira que Relotius se afastou das luzes da ribalta e está a rejeitar todas as tentativas de contacto por parte dos colegas. Enviou apenas uma mensagem aos organizadores do prémio Jornalista do Ano na Alemanha a pedir desculpa pelo sucedido e anunciar que ia devolver todos os galardões.

O jornalista terá falsificado 14 reportagens, de acordo com uma investigação interna da Der Spiegel, divulgada nesta quarta-feira. Relotius fez uma “confissão completa” acerca da falsificação, avançou a publicação.

Relotius cometeu fraude jornalista em “larga escala”, de forma “intencional, metódica e com implicações criminais”, enganando vários “leitores e colegas”, classificou a própria revista. As conclusões desta investigação interna foram anunciadas esta quarta-feira pela própria Der Spiegel, que pede desculpa aos seus leitores.

Quando as primeiras notícias sobre o assunto se tornaram públicas, o repórter disse estar envergonhado e arrependido: "Estou doente e preciso de ajuda", citou a revista alemã. "Não o fiz para me tornar no próximo grande jornalista. Foi pelo medo de falhar. A pressão de não falha só crescia quanto mais bem-sucedido me tornava".

As suspeitas acerca da veracidade de alguns dos seus trabalhos surgiram depois de uma reportagem, publicada em Novembro, sobre a fronteira entre o México e os EUA. Um colaborador dessa reportagem, Juan Moreno, duvidou da veracidade de alguns depoimentos e falou com os envolvidos. Cedo percebeu que Relotius tinha forjado algumas conversas e inventado algumas personagens.

“Ele era uma estrela do jornalismo alemão, e, se tivesse sido honesto e se as suas histórias fossem verdadeiras, seria justificado, mas não eram”, disse Moreno, citado pelo Guardian.

As suas reportagens continuam disponíveis, “pelo bem da transparência”, justificou a Der Spiegel, mas com uma indicação sobre as descobertas desta semana. A publicação admitiu que ainda não faz ideia do número de artigos que terão sido falsificados.

Relotius, de 33 anos, começou a colaborar com a Der Spiegel em 2011, tendo assinado mais de 60 artigos. O jornalista escreveu também para outros títulos germânicos de referência — como o Die Welt, o Frankfurter Allgemeine Zeitung e o Tageszeitung.

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