Eleições na República Democrática do Congo adiadas novamente

O país está há dois anos para conseguir organizar eleições para escolher um novo Presidente. Oposição diz não aceitar novo adiamento.

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Apoiantes de Martin Fayulu, um dos candidatos da oposição STEFAN KLEINOWITZ / EPA

As eleições na República Democrática do Congo marcadas para domingo foram novamente adiadas pela comissão eleitoral, que justifica a decisão com problemas técnicos. Há dois anos que a eleição de um novo Presidente tem sido constantemente adiada e um novo atraso pode dar origem a protestos nas ruas por parte da oposição.

Os candidatos foram convocados pela comissão eleitoral para que lhes fosse comunicada a decisão, revelou à Reuters um deles, Theodore Ngoy. O presidente do órgão eleitoral, Corneille Nangaa, disse não ter condições técnicas para organizar a votação, que deveria ocorrer no domingo.

O organismo deu como justificações um incêndio na semana passada que destruiu boletins de voto, um surto de ébola no Leste do país e os episódios de violência entre grupos étnicos diferentes no Noroeste, para que as eleições tenham de ser novamente adiadas.

Um conselheiro presidencial revelou que as eleições foram marcadas para 30 de Dezembro.

As eleições presidenciais marcam a saída do Presidente Joseph Kabila do poder, ao fim de quase 18 anos. Kabila atingiu o limite máximo de mandatos no final de 2016, quando deveriam ter lugar as eleições, mas a comissão eleitoral foi adiando sucessivamente, citando problemas com os cadernos eleitorais.

A oposição denunciou os adiamentos como uma estratégia de Kabila para se eternizar no poder. O impasse político motivou protestos violentos e a desconfiança atingiu níveis elevados. Um novo atraso na marcação das eleições não será aceite pela oposição, afirmou um dos candidatos, Martin Fayulu.

Na quarta-feira, a capital foi palco de protestos da oposição, depois de a campanha ter sido suspensa pelo governador local por questões de segurança.

Há 21 candidatos na corrida das eleições presidenciais, mas apenas três são considerados concorrentes com sérias possibilidades de vitória.

O candidato favorito de Kabila, Emmanuel Ramazani Shadary, ex-ministro do Interior, era pouco conhecido antes de Kabila nomeá-lo em Agosto para concorrer. O ex-Ministro do Interior conta com o forte apoio de instituições do Governo e um considerável orçamento de campanha.

Shadary enfrenta uma oposição dividida, que concordou no mês passado em apoiar o ex-gestor da ExxonMobil Martin Fayulu como candidato, mas Felix Tshisekedi, o presidente do maior partido de oposição do Congo, desistir do acordo e manteve-se na corrida.

Uma rara sondagem de opinião nacional realizada em Outubro mostrou que Tshisekedi estava na frente com 36%, Shadary tinha 16% e Fayulu 8%.

“O presidente da CENI [comissão eleitoral] disse que irá haver eleições faça chuva ou sol a 23 de Dezembro. Não podemos aceitar hoje uma mudança da posição de Nangaa”, afirmou.

Estudantes da Universidade de Kinshasa, na capital, organizaram um protesto assim que foram divulgadas as notícias do adiamento.

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