Palavra de ordem é diálogo. Chegará para um consenso?

Bastonária dos Enfermeiros e ministra da Saúde reuniram esta quarta-feira. Ana Rita Cavaco afirma que profissionais não abdicam da carreira de enfermeiro especialista.

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Ana Rita Cavaco, bastonária dos Enfermeiros Enric Vives-Rubio

No dia em que se soube que o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses marcou quatro dias de greve em Janeiro e que o ministro das Finanças revelou que os hospitais afectados pela greve já emitiram 2600 cheque-cirurgia por causa da paralisação, a bastonária dos Enfermeiros reuniu com a ministra da Saúde. Depois de palavras duras e pedidos de desculpa à mistura, a palavra de ordem é o diálogo. Mas o consenso pode não estar garantido.

No final do encontro desta quarta-feira, audiência que estava pedida desde que Marta Temido assumiu a pasta da saúde para prestar cumprimentos, a bastonária Ana Rita Cavaco deixou claro que não vão abdicar da carreira de enfermeiro especialista. “Para nós é fundamental. Vamos enviar outra vez o estudo que temos que mostra que os cuidados especializados reduzem a taxa de mortalidade, de internamento e de reinternamentos”, disse ao PÚBLICO.

Neste momento, este é um dos pontos principais da discórdia, que entre outros como a revisão da idade da reforma e a contagem de pontos para descongelamento das progressões, levou à marcação da chamada “greve cirúrgica”. A bastonária salientou contudo “a tentativa de aproximação” feita pelo ministério com a marcação de uma reunião para sexta-feira com os sindicatos.

“O que nos pareceu é que vai haver uma nova proposta do Ministério da Saúde e há vontade de dialogar. Preocupa-nos continuarem a ser canceladas cerca de 500 cirurgias por dia”, disse Ana Rita Cavaco, estimando sete mil operações já canceladas.

O ministério não fez comentários à reunião desta quarta-feira, deixando eventuais declarações para sexta-feira, dia em que Marta Temido reúne com todos sindicatos. Na terça-feira Marta Temido disse esperar "fazer pontes" com os enfermeiros e "repor o normal funcionamento do SNS".

Esta quarta-feira, na comissão parlamentar de Trabalho e Segurança Social, o ministro das Finanças adiantou aos deputados que foram canceladas cerca de cinco mil operações e que metade destas já foi alvo de cheques-cirurgia, mecanismo que permite aos utentes serem operados num hospital diferente daquele em que estão a ser seguidos e que não estão a ser alvo da paralisação.

Na "saúde, onde tem havido greve dos enfermeiros, foram adiadas perto de 5000 cirurgias" e "esses mesmos hospitais processaram já 2600 cheques-cirurgia", disse Mário Centeno.

Entre marcações e desmarcações

Na terça-feira, depois uma nova ronda negocial, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Enfermeiros (Fense), que junta o Sindicato dos Enfermeiros e o Sindicato Independente dos Profissionais de Enfermagem, desconvocou a greve nacional que tinha marcado entre 26 e 28 de Dezembro.

Em conferência de imprensa, esta quarta-feira, José Azevedo disse acreditar que vai encerrar as negociações com o Governo em Janeiro. Mas deixou um alerta: a greve está "apenas suspensa e não anulada", podendo ser "reactivada" caso haja "recuos ou anulações" nas negociações em curso.

Caminho inverso fez o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que anunciou uma greve em Janeiro, entre os dias 22 e 25. O sindicato abandonou a mesa negocial, contestando a falta de orientações sobre a contagem dos pontos para efeitos do descongelamento das progressões e o pagamento do suplemento remuneratório aos enfermeiros especialistas.

Os moldes da paralisação estão ainda por definir, diz o presidente José Carlos Martins, mas a intenção é que seja faseada – um dia de greve por cada Administração Regional de Saúde. Admite também que haja um dia de paralisação nacional. Com Lusa

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