Exército investiga drones. Aeroporto de Gatwick fechado até às 6h de sexta-feira

Não se tratará de um atentado terrorista, mas suspensão de voos afecta um dos maiores aeroportos que servem Londres, numa das alturas mais movimentadas do ano.

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Há mais de 110 mil pessoas afectadas pelos voos cancelados, adiados e retidos FACUNDO ARRIZABALAGA/EPA
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Muita gente está retida no aeroporto Peter Nicholls/REUTERS
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A presença de dois drones a sobrevoar o aeroporto de Gatwick, no Sudeste de Inglaterra, um dos que servem Londres, levou à suspensão de todas as descolagens e aterragens por motivos de segurança desde quarta-feira à noite, e não se sabe quando poderá reabrir a pista. A empresa que explora o aeroporto aconselhou os passageiros a não ir sequer para lá no futuro próximo, até se resolver o problema.

O exército foi chamado a intervir, para tentar restabelecer o controlo da situação — mas até agora sem sucesso.

As autoridades consideram que se trata de um “acto deliberado” - de cada vez que se faz uma tentativa de reabrir a pista, os drones aparecem a sobrevoá-la, descreve, no Twitter, o jornalista Dan Whitehead, da Sky News. Isso já levou, até perto das 21h desta quinta-feira, ao cancelamento de mais de 657 ​voos que tinha origem ou destino a Gatwick, afectando 110 mil passageiros.

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O chefe da polícia local, Chris Woodroofe comunicou, por volta das 21h37, que tinha sido detectada a actividade de um drone "na última hora".

Não se tratará, no entanto, de um acto terrorista.

Mas  há o reconhecimento que se trata de “uma tentativa deliberada de perturbar os voos”, diz um comunicado do Aeroporto de Gatwick. “Antecipamos que as perturbações continuem até amanhã [sexta-feira].”

De acordo com a lei britânica, é proibido que os drones estejam a sobrevoar a menos de um quilómetro da área de um aeroporto. Esta infracção é punível no Reino Unido com cinco anos de prisão. Também não podem voar a mais de 120 metros de altitude.

Ao final da manhã desta quinta-feira, o chefe da polícia local, Chris Woodroofe, disse à BBC que foi avistado outro drone perto do aeroporto e ainda não há previsões para o regresso à normalidade. Um porta-voz do aeroporto referiu à agência EFE que foram cancelados 657 voos de 760 programados para esta quinta-feira. 

A transportadora aérea britânica EasyJet já cancelou todos os voos desta quinta-feira com destino ou origem para Londres Gatwick. "Não temos indicações de quando é que o aeroporto vai reabrir", diz a empresa que espera que este cenário continue na sexta-feira.

O chefe-executivo do aeroporto de Gatwick pediu desculpa a todos os passageiros pelo "comportamento criminal" provocado pelos drones que está a estragar o início da quadra natalícia a muita gente. Stewart Wingate acrescenta em comunicado que está a fazer os possíveis junto das autoridades para saber o que se passa desde a noite de quarta-feira e ainda não tem previsões de reabertura do aeroporto.

O Secretário dos Transportes britânico anunciou à Sky News que vai pedir ao governo que se abra uma excepção temporária para a circulação de aviões para outros aeroportos da região durante o horário nocturno.

Voos portugueses afectados

O incidente levou ainda ao desvio de vários voos para outros aeroportos de Inglaterra e do País de Gales.

Segundo o aeroporto de Gatwick, por volta das 23h50 de quarta-feira, havia pelo menos dois voos portugueses afectados. Um avião da TAP com destino ao Porto estava retido na pista de Gatwick desde as 20h45. No sentido oposto, um avião da Easyjet que deixou o aeroporto Francisco Sá Carneiro às 20h05 foi desviado para o aeroporto londrino de Southend.

Uma ligação proveniente de Faro que partiu do Algarve cerca das 23h35 desta quarta-feira ainda era "esperada" em Gatwick às 2h09 da manhã de quinta-feira, mas mantinha-se a dúvida sobre um eventual desvio. 

A TAP informou, esta quinta-feira, que ia operar esta quinta-feira dois voos extra entre Lisboa e Heathrow, na região de Londres, para minimizar o impacto para os seus passageiros do encerramento temporário de outra infra-estrutura que serve a capital britânica, Gatwick.

O aeroporto britânico garante que vão reforçar a equipa para que exista apoio durante a noite, principalmente às pessoas mais vulneráveis, como as crianças ou idosos. Através das redes sociais, o aeroporto britânico informou também que está a investigar o caso e pediu desculpa aos passageiros afectados, pedindo-lhes que confirmem o estado do seu voo junto das companhias aéreas antes de se deslocarem ao aeroporto. “A segurança é a nossa prioridade máxima”, garantiam em comunicado. Ao final da manhã de quinta-feira, a polícia continuava a tentar identificar um drone que ainda estava a voar.

Os passageiros podem viajar para o aeroporto londrino de Luton sem qualquer custo adicional, mas quem não puder o fazer noutra altura devido a este incidente, será reembolsado sem taxas. No entanto, a Skycop refere o Artigo 5(3) do Regulamento de Compensação de Voos nº 261/2004: "um operador aéreo não é obrigado a pagar compensação apenas se puder provar que o cancelamento foi causado por circunstâncias extraordinárias que não poderiam ser evitadas mesmo se tivessem sido tomadas todas as medidas razoáveis."

"Os passageiros não poderão pedir uma compensação como o fazem por voos atrasados e cancelados", mas a empresa salienta que "é importante relembrar que todos os passageiros têm o direito a refeições, bebidas, acesso à internet e alojamento dependendo do atraso em questão.” O aeroporto já garantiu estar a trabalhar com as companhias aéreas para "oferecer aos passageiros estadia em hotéis" ou alternativas de viagem.

Segundo a Reuters, o aeroporto de Gatwick é o segundo mais movimentado do Reino Unido. Está localizado a 50 km a sul de Londres. Estima-se que 2,9 milhões de pessoas passem por este aeroporto durante a actual temporada de férias.

A agência de notícias indica ainda que o número de situações de colisão iminente entre aviões e drones triplicou entre 2015 e 2017. De acordo com a autoridade aeroportuária britânica, só no ano passado ocorreram 92 incidentes deste género.

Notícia actualizada às 17h21 com adiamento para as 22h e a entrada do exército na investigação

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