Morreu Penny Marshall, realizadora de Big e Liga de Mulheres

Primeira realizadora a assinar um blockbuster na indústria americana foi também actriz de sucesso na televisão nos anos 1970.

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Penny Marshal,Penny Marshal Reuters/Mario Anzuoni,Reuters/Mario Anzuoni
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Penny Marshall e Cindy Williams Reuters/Fred Prouser

A primeira coisa que quase todos os obituários americanos dizem de Penny Marshall, actriz e realizadora, falecida esta terça-feira aos 75 anos de idade, é reconhecer a sua importância na indústria americana: a sua segunda longa-metragem, Big (1988), lançou Tom Hanks, interpretando um miúdo de 12 anos num corpo de adulto, e foi o primeiro filme realizado por uma mulher a ultrapassar os cem milhões de dólares de receita nos Estados Unidos.

A mesma indústria que lhe deu a oportunidade de passar à realização e que aclamou os seus êxitos, no entanto, também se esqueceu dela quando os êxitos secaram – ao todo, Penny Marshall apenas dirigiu sete longas-metragens, a última das quais em 2001 (Os Rapazes da Minha Vida, com Drew Barrymore no papel principal).

Entre elas, contudo, estiveram outros êxitos de público e de crítica. Despertares (1990) adaptava o livro do neurologista Oliver Sacks, e valeu uma nomeação para os Óscares a Robert de Niro, que contracenava com Robin Williams; Liga de Mulheres (1992) contava a história inspirada em factos reais do baseball feminino nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, com um elenco liderado por Tom Hanks, Geena Davis e Madonna.

Antes de passar para trás da câmara, contudo, Marshall tinha sido uma vedeta à frente da câmara, mesmo que apenas no pequeno ecrã. Foi actriz regular na comédia televisiva durante os anos 1960, quer como convidada quer como secundária, até o irmão, Garry Marshall (1934-2016), lhe ter dado uma personagem recorrente no êxito The Odd Couple (Mal por Mal… Antes com Elas). Mas foi só em 1976 que atingiu o renome em Laverne & Shirley, série construída em volta de duas personagens secundárias do êxito Dias Felizes. Laverne era Marshall, com Cindy Williams a dar-lhe a réplica como Shirley, e a série durou até 1983 na cadeia ABC.

Carole Penny Marshall vinha do centro do humor americano – o Bronx, onde nasceu em 1942, na Grand Concourse, a mesma rua onde tinham vivido Neil Simon e Paddy Chayefsky. Através do irmão Garry, que fez longa carreira como argumentista de sitcoms antes de também ele passar ao cinema (com Pretty Woman ou Noiva em Fuga), apareceu noutras séries ao lado de nomes como Mary Tyler Moore, Carol Burnett ou Bob Newhart.  

Entre 1971 e 1981, foi esposa de Rob Reiner, o “cabeça de abóbora” de Uma Família às Direitas e mais tarde realizador de Um Amor Inevitável ou Uma Questão de Honra – curiosamente, Marshall fez audições para o papel de Gloria, a filha de Archie e Edith Bunker naquela comédia televisiva clássica e namorada da personagem de Reiner, mas foi preterida em favor de Sally Struthers.

Depois do cancelamento de Laverne & Shirley, da qual tinha realizado alguns episódios, Penny Marshall estreou-se na longa-metragem a pedido de uma amiga. Foi em Jumpin’ Jack Flash – Uma Mulher dos Diabos (1986), comédia de espionagem com Whoopi Goldberg, que pediu a Marshall que viesse dar uma ajuda depois do realizador original ter sido despedido. O filme não foi um grande êxito, mas levou a Big, que deu a Tom Hanks a sua primeira nomeação para os Óscares.

Após Liga de Mulheres — para nós o seu melhor filme – Marshall apenas realizaria por mais três vezes — a comédia militar Direita Volver com Danny de Vito; Espírito do Desejo, com Denzel Washington e Whitney Houston; e Os Rapazes da Minha Vida. Diagnosticada em 2009 com cancro do pulmão que se estendeu ao cérebro, mas que derrotou em 2012, Marshall faleceu, de acordo com a sua porta-voz, de complicações relacionadas com diabetes.

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