Os principais ministros do novo Governo do Brasil

Começou por querer descer drasticamente o número de ministérios para 15, mas o Presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, acabou por indicar 22 ministros, um número ainda assim abaixo da norma.

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Bolsonaro à conversa com o seu vice-presidente, Hamilton Mourão Reuters/ADRIANO MACHADO

Há cinco militares no Governo (mais o próprio Presidente e vice-presidente, o general Hamilton Mourão), três do partido Democratas (PSL), um do seu próprio partido, o Partido Social Liberal (PSL) e um do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Há duas mulheres e dois pastores evangélicos. Dois foram sugeridos por Olavo de Carvalho, filósofo brasileiro radicado nos Estados Unidos, que tem sido considerado o grande ideólogo da nova direita brasileira e o guru político de Bolsonaro. Cinco estão ou estiveram também sob investigação judicial: Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde; Onyx Lorenzoni, Paulo Guedes, Marcos Pontes (futuro ministro da Ciência e Tecnologia ) e Ricardo Aquilino Salles).

Aqui ficam os nomes mais sonantes do futuro Governo brasileiro:

Sérgio Moro, Justiça

É um dos dois “superministros” do Governo Bolsonaro e uma das suas estrelas maiores. Ganhou enorme fama ao liderar, enquanto juiz, a gigantesca Operação Lava Jato e terá, por isso, como grande prioridade a luta contra a corrupção.

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Reuters

Pediu que a Segurança Pública fosse incluída no Ministério que vai liderar e terá sob sua alçada mais responsabilidades do que os antecessores. A escolha não caiu bem na esquerda, que o acusa de perseguição ao PT e, concretamente, ao ex-Presidente Lula da Silva, preso na sequência da Lava Jato.

Ernesto Fraga Araújo, Relações Exteriores

É um dos nomes mais polémicos do futuro Governo. Ernesto Fraga Araújo é embaixador e dirige o Departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do Itamaraty. Ganhou destaque na campanha ao lado de Bolsonaro, chamando “terrorista” ao PT.

Araújo foi sugerido por Olavo de Carvalho, um filósofo brasileiro que vive visto como o grande ideólogo da nova direita que agora conquistou o poder no Brasil. Fraga Araújo é admirador confesso das políticas do Presidente Donald Trump e, por isso, a sua chegada ao Ministério das Relações Exteriores insere-se numa estratégia mais abrangente de Bolsonaro relativamente às relações internacionais, que será de aproximação aos EUA de Trump, ao movimento liderado por outro ideólogo da direita radical, Steve Bannon, e a Israel.

Paulo Guedes, Economia

O economista de 69 anos é o outro “superministro”. Vai ser o responsável pelas Finanças, Economia e Planeamento da Indústria e Comércio. Um neoliberal assumido, é defensor dos mercados e das privatizações, afastando o próprio Jair Bolsonaro da visão estatal da economia que defendeu nas últimas décadas.

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Adriano Machado/Reuters

A poucas semanas da segunda volta das presidenciais soube-se que o Ministério Público está a investigar Paulo Guedes por suspeita de fraude com fundos de pensões estatais.

Ricardo de Aquino Salles, Meio Ambiente

Ricardo de Aquino Salles é advogado e político filiado ao Partido Novo. Foi o último nome a ser anunciado para o Governo. É crítico do Movimento dos Sem Terra e o seu nome gerou alguma preocupação nos ambientalistas – tal como Bolsonaro, não vê com bons olhos as políticas ambientais principalmente na Amazónia.

Tem sido questionado se o Brasil permanecerá no Acordo de Paris. No entanto, e ao contrário do que se esperava, Aquino Salles afirmou nos últimos dias que talvez seja melhor o país permanecer neste acordo global contra as alterações climáticas.

Há dias foi acusado pelo Ministério Público Eleitoral de abuso de poder económico e uso indevido de meios de comunicação, durante a campanha para a eleição como deputado federal por São Paulo.

Damares Alves, Mulher, Família e Direitos Humanos

Este é um Ministério criado por Bolsonaro, antes só existia o dos Direitos Humanos. A escolha recaiu em Damares Alves, pastora evangélica que é assessora do senador e pastor Magno Malta, e um dos apoiantes evangélicos mais próximos de Bolsonaro.

Esta escolha foi uma forma de Bolsonaro dar protagonismo à bancada evangélica no Governo e afastar as críticas que lhe fazem sobre a sua postura em relação às mulheres.

Onyx Lorenzoni, Casa Civil

Do partido Democratas (DEM), Onyx Lorenzoni é um veterinário de 64 anos que vai ocupar a chefia da Casa Civil, há muito considerado o ministério mais importante do Governo. Será, por isso, o braço-direito de Bolsonaro nas questões políticas. Normalmente, quem ocupa esta pasta fica responsável pela articulação política no Congresso, aspecto que será fundamental durante a governação de Bolsonaro.

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Adriano Machado/Reuters

Com cinco mandatos como deputado, todos marcados por uma forte oposição ao PT e por uma intransigente defesa da destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff, teve um papel muito activo na escolha e anúncio de ministros durante a formação do Executivo. Recentemente foi ilibado de um caso em que era acusado de receber subornos através da chamada caixa 2 (saco azul) para financiar a sua campanha de 2014.

Tereza Cristina, Agricultura

Engenheira agrónoma e empresária, Tereza Cristina é presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, representada por 261 deputados e senadores, tendo sido por isso escolhida para representar a chamada bancada ruralista no Governo. É uma das duas mulheres que integram o Governo, e terá em mãos um dos sectores fundamentais.

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Adriano Machado/Reuters

Bolsonaro chegou a anunciar a fusão deste ministério com o do Meio Ambiente, mas acabou por desistir da ideia depois de uma onda de críticas.

Ricardo Vélez Rodriguez, Educação

Foi a outra indicação do filósofo Olavo de Carvalho. Autor de mais de 30 obras, Vélez Rodriguez é um professor e filósofo natural da Colômbia. Numa das obras que publicou, A Grande Mentira. Lula e o Patrimonialismo Petista, diz que o PT “conseguiu potencializar as raízes da violência” através de uma “perniciosa ideologia” e “revolução cultural gramsciana [referência a Antonio Gramsci, filósofo e política marxista italiano]”.

Terá a cargo de uma das áreas consideradas fundamentais por Bolsonaro, que vê uma crescente ideologização das escolas, algo que pretende combater com o programa Escola Sem Partido.

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